*José Vanilson Julião
O colunismo social como parte do jornalismo, parecido com os moldes da atualidade, remonta ao começo do século XX.
Sem assinatura do redator em Natal o jornal “A República”, fundado pelo político Pedro Velho de Albuquerque Maranhão (Macaíba, 1856 – Recife, 1907), publica “Vida Social”, a partir da edição da quarta-feira, 2 de janeiro de 1907.
Com notas de aniversários, festas e visitas. Na primeira registra os votos de final de ano do capitão dos portos (Arthur Viana), Sérgio Barreto (gerente da fábrica de tecidos), capitão Miguel Barra (“negociante nesta praça”), doutor F. G. Valle Miranda (“lente do Atheneu”) e outros…
O “Diário de Pernambuco” (segunda-feira, 20/7/1914) abriga uma das primeiras (“coluna social”) publicadas no Nordeste.
Com o responsável também incógnito o “Diário Social” do centenário jornal recifense, em duas colunas e de cima abaixo da página dois, é dividido sequencialmente em cinco seções: “Registro Elegante”, “Aniversários”, “Casamentos”, “Viajantes” e, finalmente, “Banquetes”.
Uma das notas da quarta seção: Com destino à Inglaterra viaja a bordo do paquete “Asturias”, que ontem passou pelo porto desta cidade, o doutor Astrogildo Pereira, que vai representar os anarquistas brasileiros no congresso internacional, a se realizar em Londres, a 15 de agosto próximo.”
O histórico desmonta a lenda de que a cobertura dos fatos cotidianos da incipiente classe média nacional começa, principalmente, no Rio de Janeiro, com o festejado Ibrahim Sued.
Pioneiro – Nome de rua no bairro da Candelária, em Natal, o jornalista Aderbal de França (5/1/1895 – 27/5/1974), o “Danilo”, é considerado o primeiro colunista social da capital potiguar.
É dos fundadores da Academia Norte-rio-grandense de Letras (14/11/1936), ocupando a cadeira 25, com patrono o poeta, contista, dramaturgo, jornalista, parlamentar e juiz Ponciano de Morais Barbosa (1889 – 1919).
Foi um dos quatro fundadores de “O Diário” (18/9/1939) ao lado de Valdemar Araújo (diretor), redator Djalma Maranhão (Natal, 1915 – Montevidéu, 1971) e Rivaldo Pinheiro (gerente). Todos oriundos de “A República”.
Depois comprado pelo empresário Rui Paiva, que o repassa ao controle da cadeia de jornais do jornalista paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, quando se torna “Diário de Natal” do grupo Associado.
Aderbal também é fundador da revista “Cigarra”, com o secretário Edgar Ferreira Barbosa (Ceará-Mirim, 1909 – Natal, 1975) e Ademar Medeiros (gerente). Com redação na Avenida Tavares de Lira 57 (Ribeira). O primeiro número circula em novembro de 1928 e o quinto e último em março do ano seguinte.
Assim se refere uma leitora: – … O que mais gostei foi de “Morenas”… Não sei porquê! Porque também o sou? Será?… Estava tão bem recepto! Que jeito teve Danilo para descrever as morenas. (“Cigarra”, página 15, número dois, dezembro/1928).
FONTES
Academia Norte-rio-grandense de Letras
Fatos e Fotos de Natal Antiga
A República
Diário de Pernambuco
Tribuna do Norte
Tok de História
“Memória Acadêmica” – Leide Câmara (IFRN/2017)
“Natal nos anos 20 por meio da revista Cigarra” – Isabel Cristine Machado de Carvalho/Manoel Pereira da Rocha Neto/Universidade Potiguar (UFRGS – Encontro Nacional de Mídia)