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Como é a curadoria do Prêmio Jabuti?

Mais duas obras são desclassificadas, em cima da hora, pelo falecido Prêmio Jabuti, mas que já teve de fato enorme relevância literária no Brasil.

*Alexsandro Alves

[email protected]

 

Ah, esse amolecimento cultural…

Eu estou imaginando como deve ser a curadoria para a escolha das obras no Prêmio Jabuti. Três obras já foram desclassificadas faltando poucos dias para o resultado final. Os motivos: uma, foi produzida por inteligência artificial (IA) e as outras duas não eram inéditas…

O que isso significa?

Que o Jabuti não é mais o que já foi. Em muitos aspectos.

Eu imagino que, como a ênfase do prêmio não é a qualidade da literatura produzida, e sim o engajamento social – ou pior, amizades… A rigidez do processo como um todo também deve ser menor.

Basta uma foto em algum acampamento do MST e o poeta já é favorito. Ou quem sabe um poeta que declama seus versos em uma ocupação urbana dançando funk e gritando palavras de ordem como: “brancx racistx, europeu safadx”!

O processo de diminuição do Jabuti é semelhante ao que ocorreu com a educação: democratizou a tal ponto, que qualquer indício de separação do joio e do trigo é entendido como dominação elitista branca opressora. Mas conforme escrevi sobre a escolha de imortais da ANRL, o elitismo e identitarismo, ambos, descontroem a questão da qualidade literária em prol, respetivamente, do dinheiro e da representatividade.

Os autores das três obras, que passaram na estranha curadoria do Jabuti, mas que em cima da hora foram desclassificadas, deveriam exigir mais clareza para essa curadoria! Afinal, os curadores sabiam ou não que essas obras foram, uma, produzida por IA e duas delas não inéditas? Que despreparo e desconhecimento do que se julga por parte dos que selecionam!

Desclassificar não resolve de todo o processo! Na verdade, a emenda é pior que o soneto! Porque já prova que os vícios estão já no processo de escolha dos finalistas ao prêmio. Se esse prêmio ainda tivesse a qualidade e a distinção que um dia teve, muitas outras obras finalistas sequer seriam lidas pelos curadores. Mas se eles se submetem a ler tais obras e a indicá-las como finalistas, é porque há um pacto da mediocridade em nossa literatura, e isso minou a importância do Jabuti.

É à semelhança de nossa ANRL.

 

***

 

OUTRA QUESTÃO, UM POUCO MENOR QUE A ANTERIOR

O Jabuti é um prêmio literário! Que diabos tem a ver premiar ilustrações ou histórias em quadrinhos?

Representatividade…

Representatividade é coisa séria, mas no Brasil tudo vira folia! Como crianças esfomeadas e mal-educadas em uma festa de aniversário. Acabam com tudo!

Impõem a representatividade antes de educá-la.