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Compaixão pelos animais

Colaborador de Navegos reporta-se a um fato que está ocorrendo em todo o mundo, o abandono e a violência contra os animais.

*Francisco Alexandro Alves

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Cachorros e seus proprietários estão com grandes dificuldades em Teerã, capital do país islâmico Irã, antiga Pérsia. Agora, é proibido passear com cachorros, que podem ser apreendidos e seus donos, presos. Alguns proprietários já passaram por tal situação e temem, por isso, voltar a passear com seus pets. Como se não bastasse, os pets também ficam presos, sem comida e sem água. Ainda não há uma lei nesse sentido no país, porém autoridades policiais, apoiadas por fundamentalistas, executam mandados de prisão nesse sentido. A tradição islâmica sempre teve aversão aos cachorros, que considera impuros. Porém isso nunca havia acontecido antes, mesmo porque o Irã foi um dos países pioneiros nos direitos dos animais. A questão são os radicais islâmicos que, com seu ódio ao Ocidente, desejam varrer do mundo árabe qualquer traço cultural ocidental. E o amor pelos pets está na mira desses grupos, pois consideram “ocidentalização” a ligação familiar que muitos donos têm com seus peludinhos.

Nesse momento tramita no Parlamento iraniano uma lei denominada “Lei de Proteção dos Direitos do Público Contra os Animais”. Caso seja aprovada, a lei determinará, entre outras obrigações e deveres do Estado para com (contra, diga-se) os animais: a invasão de domicílios e apreensão dos pets, soltura dos mesmos em desertos e prisão dos proprietários – caso sejam notificados passeios com os mesmos em via pública; também proibirá importação de ração para cães e gatos. Esse último ponto também é terrível. Porque a ração produzida no Irã é de péssima qualidade, proibir a importação é matar de fome os animais, ou seja, mesmo os proprietários que por medo não passeassem com seus pets, veriam seus animais morrer aos poucos ou tristes por conta de uma péssima alimentação. Nesse quesito, há no Irã uma rede de contrabando de rações para pets. Também os gatos estão na mira dos fundamentalistas. Segundo eles, os gatos, mesmo não sendo impuros como os cães, estão sofrendo com a ocidentalização dos gostos árabes. Em outras palavras, nem mesmo os gatos persas estarão seguros em seu próprio país, se esta lei for aprovada.

Não é a primeira vez que fundamentalistas tentam impor leis absurdas, com a desculpa de “ocidentalização” contra os animais de estimação. Já tentaram, por exemplo, legalizar o açoite de cidadãos que possuíssem cães. Hoje, em Teerã, policiais mais radicais já prendem proprietários de animais, mesmo que os pets não estejam em vias públicas, por exemplo, estejam dentro de carros particulares. Várias associações civis de proteção aos animais, veterinários e protetores particulares estão em ampla campanha contra o projeto de lei em Teerã, que é visto como mais uma demonstração de perversidade fundamentalista.