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Confinamento aproxima o ser do humano (3)

Dando continuidade à nossa Enquete sobre a experiência de confinamento de cada um, Navegos acrescente aos depoimentos escritos vídeo do famoso promoter Toinho Silveira, que a partir desta encerrará cada edição dessa série que vista contribuir para uma cartografia da chamada peste chinesa.

*Da Redação

Alex Medeiros, colunista do jornal Tribuna do Norte: O vírus chinês não modificou tão radicalmente meu cotidiano, a exemplo do que fez com muita gente. Ficar em casa mais tempo já era uma rotina que tenho desde 1998, quando passei a trabalhar em casa, posto que meus afazeres profissionais no jornalismo e consultoria não impõem o exercício das funções fora do lar. Não direi que sigo à risca os protocolos de governos e autoridades sanitárias porque mantenho alguns costumes como ir a supermercados, padarias e empórios de cerveja que me atendem em caráter especial. Também me reúno em petit comitê nalguns bares de diletos amigos.

Nas horas em casa, quando não estou fazendo a coluna, postando no meu site e nas redes sociais (de que sou assíduo) ou gravando comentários de rádio, acompanho o noticiário das TVs “news”, assisto séries em serviços de streaming e vejo velhos filmes no YouTube. Além de me arvorar a cozinheiros fazendo algumas comidas. Também cumpro quase diariamente uma paradinha na varanda para uma cerveja e charuto.
Quanto ao ensinamento que colho da crise do contágio é um reforço ao sentimento que sempre tive de reação aos climas de pânico.

Aprendi desde cedo – vivendo a infância em periferia de alto risco, e tendo sobrevivido depois às tantas crises que atingiram o mundo e o Brasil – a olhar a vida com destemor e uma dose de molecagem. Como sempre parto do princípio de que a maior gravidade que existe é a morte (e dela não tenho), então todas as outras ameaças são de fácil ou possível solução. Sei da letalidade da Covid-19, como sei do inferno que virá se houver um novo “crash” econômico. Nos dois problemas é imprescindível buscar anticorpos, um medicinal outro financeiro, que nos garanta imunidade. Mas tanto na pandemia do vírus quanto no pandemônio da quebradeira, a um fator único que nos enfraquece, nos tirando a reação imunológica: o medo. E acredite, esse atrai fácil as duas pragas.

Tadeu Arruda, servidor público aposentado: O meu isolamento social não só serviu para evitar o coronavírus, ensinou-me tantas coisas. A primeira de todas foi aprender desacelerar meu modo de vida, depois pela ordem de importância: filtrar algumas amizades que nem um telefonema me deram para saber como eu estou; alguns egocêntricos foram riscados para sempre do livro de minha genealogia familiar; refleti melhor sobre a vida, fazendo uma varredura completa das coisas que nada me acrescentam, os supérfluos.

Josivan Alves Pereira, ator: Durante a quarentena, tenho intensificado os estudos no curso de pedagogia, leitura da área, também estou fazendo vídeos com atividades de contação de histórias, dicas de leitura, recitando poesias, além de ajudar as pessoas que estão com dificuldade de fazer inscrição para receber esse auxílio do governo federal e edital do governo do estado.

Franklin Serrão, artista plástico: Antes de responder, algumas questões devem ser expostas.

Primeiro: O vírus no Brasil não é devastador como tem sido em outros países. Isso é fato.
Depois de três meses do registro do primeiro caso, são 20 mil infectados …marca alcançada em apenas um dia, em outros países.

Segundo:  É necessário um estudo sobre este fato.  Por que o vírus tem, até agora, uma performance soft no Brasil?
Isso se deve a quarentena?
Por que todos esperam por uma tragédia que nunca chegará?

Agora podemos entrar no centro do debate…Achando pouco, políticos estão, por toda cidade, distribuindo seu populismo, aglomerando pessoas nos bairros pobres.
O remédio vai matar mais que a doença: a economia do Estado do RN, que já não era boa, vai fenecer depois dessa irracionalidade. As autoridades querem mortos, mas a população não ajuda…pelo menos é a impressão que eles passam na Tv, tristes, quando divulgam as poucas mortes no estado.

A quarentena: Particularmente não acredito nessa quarentena que está sendo feita no RN. Digo isso porque ela, de fato, é muito irracional e sem lógica. Foi proibido o lazer e o comércio (para combater aglomerações), desde então, houve o surgimento de aglomerações, onde antes não existiam como nos Hipermercados e padarias. Lugares tradicionalmente, pontos de aglomerados humanos, tornaram-se ainda mais cheios como bancos, lotéricas e transportes públicos.

O efeito cobra:
Sem laser, impedidas de trabalhar, as pessoas acabaram substituindo seus passeios a shoppings, praias e clubes por visitas a parentes, viagens ao interior ou, fazendo compraterapia nos supermercados da cidade. Sem opções, intensificou-se na cidade estes hábitos, causando ainda mais aglomerações.

Costumo caminhar no final da tarde…saio na rua para isso.  O bairro aqui onde moro tem muitas granjas, clubes, etc, então dá para fazer longas caminhadas. Em caso, cozinho para minha filha e esposa e mantenho a casa limpa e arrumada.

O tempo passa devagar, são dias com cara de meses.
Minha quarentena: é algo terrível. Em suma, o sentimento e de perda de tempo. As pessoas não fazem. Recebo visitas diárias, e como moro num condomínio, as ruas estão sempre cheias de vizinhos. Concluindo, a quarentena tem como objetivo achatar o surto viral que, vai ocorrer em algum momento. Isso é inevitável como uma dor de barriga. O problema é que o surto vai chegar quando a economia estiver arrasada…então, a união não vai ter recursos para combater o Covid 19.O número de vítimas será maior do que, seria, num possível surto em Março. É para esse caminho que estão nos levando os governadores.

Abaixo Vídeo contendo depoimento de Toinho Silveira sobre o seu confinamento: