*Da Redação
Fernando Perazzo, motoboy: Bom, eu não tenho cumprido o confinamento à risca como deve ser feito pela sociedade, porque na realidade eu exerço a tarefa de motoboy como trabalho, e é atualmente o meu meio de levantar recurso para suprir minhas necessidades diárias. Confesso a você que não estava tomando os devidos cuidados.
Talvez estivesse subestimando a gravidade desse vírus, mas hoje posso afirmar que tenho total consciência com base nos dados de óbitos no Brasil e no mundo da capacidade maléfica dessa terrível doença. Portanto continuo na batalha diária, me precavendo como posso
e principalmente com FÉ PARA TUDO! Acredito na estabilização breve disso tudo, confio na grande qualificação dos médicos e cientistas de modo geral, e hoje sei o valor inestimável de um abraço e de um simples aperto de mão.
Carlos Astral, servidor público: Na realidade, eu vejo que esse problema de falta de ar já existia à bastante tempo e agora estão generalizando, acredito que quando a vacina chegar, então os pesquisadores profissionais da saúde vão controlar a pandemia. Essa falta de equipamentos médicos já vem de vários governos corruptos e alheios com respeito a vida humana. E agora estão sacrificando médicos e enfermeiros, isto é uma barbárie. Mais que a pandemia é real…
Perpétua Wanderley de Castro, desembargadora: O significado deste período de quarentena para mim é de encontro comigo mesma, com a fé em Deus, dentro de um tempo em que minhas obrigações exteriores estão limitadas o que me causa ansiedade. Entendo que esse é um momento de reflexão sobre a essência da vida. Como um tempo em que minhas dúvidas e inquietações se instalam com dureza e se multiplicam, ramificam e desdobram em tantas outras. Essas inquietações não têm apenas a dimensão temporal, do olhar para o calendário e indagar: até quando; mas a dimensão do que e do como, isto é, a interiorização dos limites materiais, a agudização da incerteza, a intensificação da consciência da finitude
Constato que a convivência material com pessoas se reduziu e aumentou o contato digital com pessoas, coisas, lugares; intensifiquei o uso da internet e dos recursos tecnológicos que me permitem trabalhar sem sair de casa. Mantenho ou reforço velhos hábitos: estudar e ler (sempre há livros pendentes e, entre eles, fiz a escolha da biografia de “Vitória, a rainha”); e executo os cuidados prosaicos de casa e comida, as coisas cotidianas. Reflito sobre estes dias e a mudança que eles causarão, acreditando que, depois deles, a gratidão e a compreensão como valores humanos e o reconhecimento do outro devem reestruturar tudo aquilo que hoje é apenas o mundo lá fora. Sinto-me no dever de considerar que um vírus num lugar distante modificou relações e modos de viver e, portanto, que o encurtamento das distâncias e compressão do tempo ensina a ter um novo olhar sobre a vida e seu sentido.