*Alexsandro Alves
As relações de um leitor com seus escritores preferidos é uma relação dialética de formação.
Nessa relação, o leitor busca nos livros o que imagina faltar-lhe na alma ou no seu mundo material.
A leitura de um livro então se transforma em uma espécie de espelho de certas categorias ainda em formação no leitor.
Por mais simplista que este seja, haverá sempre uma absorção do livro lido na alma de quem o lê.
A construção do gosto literário, envolve confiança de que o escritor, mesmo de outras épocas, tem algo a dizer a nossa.
Por isso que textos como Hamlet, Fausto ou Os Lusíadas permanecem atemporais e sua leitura válida no século presente.
O conceito de universalidade, por vezes negado por uma pós-modernidade, encontra suas contradições na abrangência intelectual e espiritual de obras-primas do passado.
Um leitor só se forma se ler os clássicos.
A formação de leitores a partir de livros contemporâneos precisa ser muito criteriosa com os livros lidos.
Isso esbarra em um sentimentalismo que, hoje, pode deturpar as boas intenções de alguns e ensejar debates não literários de outros.
Eu desconfio de uma literatura que deseja ser menos do que literatura. Para isso há o jornalismo, a política, a igreja…
O jornalismo, a política, a igreja e qualquer outra coisa podem ser elevados à categoria de literatura, mas é tão triste quando a literatura se apequena. Quando cede a certas pressões e a certos grupos.
O escritor precisa ser livre para formar leitores livres. O livro que prende em panelinhas é um livro ruim.
Tão ruim quanto o tapinha nas costas de uma crítica medrosa, que mais se assemelha à “amizade” que prende como correntes em uma relação de trabalho. Um contrato de obrigação de amizade…
De forma que, formar bons leitores, será também excluir maus escritores.
A educação, qualquer que seja, é um ato de preconceito?
Falar sobre certas obras literárias contemporâneas seria…