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Contar histórias e os sonhos

A magia de contar histórias é como estar imerso nos reinos de Morfeus, saber expressar esses sentimentos é o desafio da arte milenar de contar histórias.

*Ricardo Piglia

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E o que seria uma boa história? Uma história que interessa não só a quem a conta, mas também a quem a recebe. Um bom exemplo é a história dos sonhos. Quem conta um sonho enfrenta os problemas dos narradores que acreditam que as histórias que lhes interessam interessarão a todos, porque claro, quando se conta um sonho, quando se diz “sonhei com a casa da minha infância”, isso tem um significado extraordinário para o narrador, porque a gente lembra muito bem como era aquela casa de infância, mas é preciso saber transmitir esse sentimento. Então, um bom narrador não é apenas aquele que tem a experiência, o sentimento da experiência, mas também aquele que é capaz de transmitir essa emoção ao outro. E quando me contam um sonho – digo também um pouco brincando – tento ver se estou no sonho, se apareço ali, porque isso tornaria o sonho um pouco mais interessante, ou talvez mais perigoso, mas em de qualquer forma eu estaria envolvido nessa história. A narrativa depende dessa implicação. Está sempre ligado a quem recebe a história. Acelera ou relaxa dependendo do interesse que produz, e essa é a chave para a tradição oral de contar histórias.

 

Ricardo Piglia