*Franklin Jorge
É evidente – em todos os níveis de nossa folclorizada “cultura oficial” – que a mediocridade avassala tudo e faz-nos descrer de termos algum dia governantes que a leve à sério. A começar pela exageração que se faz contribuição do governador Alberto Maranhão, criador da nossa primeira lei de incentivo à cultura, feita para justificar o repasse de verbas a membros de sua família, como o pseudo aeronauta Augusto Severo, que desde então viveu de tripa forra em Paris.
Instituições corrompidas transformam-se em guetos ou desvirtuam suas finalidades para servir a interesses subalternos,
Como financiar os vícios de gestores às custas do contribuinte que se mantém omisso e não e não protesta contra o mau uso que se faz desses recursos sob a rubrica da cultura cada vez depauperada pela falta ações efetivas em favor da preservação e divulgação do patrimônio e da transmissão de conhecimento. Uma prova disto é o descaso e o abandono relativo à Literatura que, nos últimos quatro ou cinco governo não mereceu nenhuma atenção, a começar pela Biblioteca Pública Câmara Cascudo, que agoniza ainda nos anos de 1980 desde o governo de Geraldo Melo, sucessor de Lavoisier Maia – que vendeu as ações da Petrobrás que tornava a Fundação José Augusto autônoma e ainda se deu ao desplante de presentear Pernambuco com o Território da ilha de Fernando de Noronha, e, por fim, sob o descalabro que foi a governança de Rosalba Ciarline, cerrou de vez suas portas. Entre o primeiro e o segundo governos aqui citados, tivemos no comando do estado, por dois mandatos, Garibaldi Alves e Wilma de Faria, seguidos por desastres ambulantes como Vivaldo Costa, Fernando Freire e Iberê de Souza, seus vices que assumiram o governo para que seus titulares disputassem o Senado, seguidos dos governadores Rosalba Ciarline, Robinson Faria e, no presente e igualmente danosa, Fátima Bezerra que ainda dispõe de dois anos de mandato para agravar o quadro, por si só, calamitoso.
Algumas dessas instituições – como algumas OnGs que usam a Cultura para arrancar dinheiro dos cofres públicos – são verdadeiros valhacoutos ideológicos nos quais a exclusão e a discriminação estão na ordem do dia. Dominados por gestos tirânicos de esquerda ou, o que é mais rotineiro no curso do tempo, despreparados e enfeitados de títulos acadêmicos, alienados de suas responsabilidades e desinformados do básico que sustenta qualquer estrutura, inteiramente desprovidos de mérito e de capacidade de gerenciamento dum segmento que requer mais que apadrinhamentos e compadrios, abrangência de visão e discernimento. Um segmento que, por sua essência e natureza intelectuais, complexo e de árdua e dificultosa condução. Não admira, pois, que tivéssemos tido, sob o governo da prefeita decorativa Micarla de Souza, de infeliz memoria, um presidente da Fundação Capitania das Artes que, questionado pelo O Novo Jornal sobre sua desastrosa gestão, declarou que “estava cagando e andando para a Cultura”. Estranho é que tenha permanecido no cargo, quando devia ter sido imediatamente demitido a bem do serviço público.