*Franklin Jorge
Tratada sistematicamente com descaso e indiferença gritantes, a Cultura Potiguar revela-se a um tempo vítima e testemunha de acusação da incúria de prefeitos e governadores que se sucedem, geração após geração, sem se darem ao trabalho de encarar esse importante segmento de maneira competente e justa. Por isso, ainda por muitos anos, continuaremos a ser um a província indolente e dorminhoquenta, incapaz de ir além dos mangues de Macaíba.
A queda e o esfacelamento da peça escultórica que por 100 anos os natalenses viram sobre um pedestal erguido na Praça Sete de Setembro, qualifica e delata a extensão de tamanha incúria e alienação dos órgãos culturais que representam o oficialismo. Erguido em 1922, para assinalar na Capital do Estado o Centenário da Independência ali tem perdurado desde então ao deus-dará, num espaço que já foi uma praça, à sombra dos 3 Poderes constituídos pelo antigo Palácio do Governo, a Assembleia Legislativa e o Palácio da Justiça que, por ser cega, não percebeu o que se passava bem debaixo de seu nariz.
Não se sabe ainda se o monumento foi derrubado por vândalos ou caiu por falta de cuidados e manutenção pela Prefeitura de Natal e o Governo do Estado, que têm em comum a displicência e o pouco caso que costumam aplicar quando o assunto envolve a cultura da cidade e do estado, sempre entregue a gestores obscuros e sem tirocínio, nomeados por compadrio ou ingerência de gente poderosa e cabos eleitorais. Em qualquer uma dessas hipóteses, o resultado é sempre danoso, pois as escolhas, tanto no plano municipal e no estadual, contemplam sempre os piores, aqueles, enfim, que apresentam menos discernimento e habilidade para promover e enaltecer os valores culturais que nos representam como um povo de estima baixa.
A queda do monumento em questão representa à sua maneira a queda do método usado por prefeitos e governadores que menosprezam e detratam a Cultura Potiguar, como beneficiários da omissão e da complacência do Ministério Público. Sob o governo de um prefeito competente e servidor dos cidadãos que o sustentam à tripa forra, devia representar a queda sumária e irrecorrível do secretário de cultura, dessa vistosa incompetência que nos últimos 20 anos tem se apresentado sob a figura de Dácio Tavares Galvão, um medíocre que não teria sido capaz de ganhar a própria vida com o fruto do seu trabalho se não tivesse contado com a benevolência de damas caridosas e políticos carcomidos que não têm mais o que dar em troca do voto.
