*Franklin Jorge
Quem quer que tenha um mínimo entendimento de Cultura sabe que, embora possam até se confundirem, Turismo é outra coisa e a convivência forçada entre ambas nunca resulta positiva para nenhuma das duas partes. Aqui, em seu afã de poder e mando, o secretário de cultura conseguiu unir as duas coisas e tudo acabou em nada, como se era de esperar, pelo menos por quem entende um pouco do riscado e sabe que o conflito entre Cultura e Turismo é inevitável.
Tanto isto é verdade que o Rio de Janeiro, que vive de Turismo e Carnaval, não misturam as duas coisas. Se tal convivência fosse possível, seria o Rio, a capital das escolas de samba, a primeira a uni-las como parte de um todo. Lá, a Cultura tem seus mecanismos e o Turismo, os seus e ambas se alimentam e tiram proveito dessa divisão necessária que abusa de Natal e acaba não nos servindo para nada.
Obcecado pelo poder, como a maioria desprovida de talento e ideias, Dácio Galvão açambarcou tudo e o resultado é o que vimos – um sarapatel indigesto que denuncia apenas a maneira como é tratada a cultura local, fruto de caprichos vontadosos que nos condenam ao atraso e à mesmice, agora travestidos de “economia criativa”, “nomenclatura” esquerdista que serve apenas para enganar e ludibriar incautos.
Não, senhores, Cultura e Turismo não se beijam. Por isso, no Rio, a ainda capital cultural do país, a Cultura tem a Rioarte; e o Carnaval, a Riotur, que cuida do turismo e da menina de seus olhos – o carnaval carioca, uma das maiores festas populares do mundo, como se sabe, sem precisarmos ir a Tibau do Sul ou consultar Dácio Galvão
Entregue a representantes de famílias que exploram o turismo entre nós, percebesse-se claramente nessa prática um evidente conflito de interesses. Turismo é para profissionais sem vínculos familiares com empresas que atuam no ramo. Isto não os torna capazes de agir com isenção e independência, razão pela qual, apesar das potencialidades turísticas da nossa cidade o turismo aqui não decola nem sai de cima.
O mesmo ocorre com a Cultura, sempre nas mãos de pessoas que pensam saber de mais sobre o que é Cultura, como Isaura Rosado Maia e Dácio Galvão, que nos últimos vinte anos se tornaram os manda-chuvas nesse segmento que continua a patinar no nada.