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Cultura pra quê?

Após o desaparecimento de obras da Pinacoteca do Estado, recentemente denunciado, agora foi a vez da casa grande do Engenho Guaporé ter o seu telhado saqueado, ambos equipamentos sob a guarda da Fundação Jose Augusto.

*Da Redação

Construída na segunda metade do século 19, em estilo neoclássico, a casa grande do Engenho Guaporé vem sofrendo sucessivos saques sem que as autoridades do estado e do município do Ceará-Mirim tenham feito qualquer diligência para coibi-los. Após o furto de portas e escadarias, em pinho de Riga, madeira de lei hoje rara, agora foi a vez do telhado, do qual pouco resta. Suspeita-se que a madeira está sendo vendida a marcenarias.

Dado como dote a Dona Isabel, filha do Barão de Ceará-Mirim, o equipamento foi doado em 1979 ao governo do estado e nele instalado – meramente pro-forma – o Museu Nilo Pereira, na verdade um arremedo de museu, sem acervo, sem pessoal qualificado e sem as atribuições e o espírito de um verdadeiro museu.

Recentemente Navegos publicou um pequeno ensaio do historiador Gerinaldo Moura da Silva sobre o Guaporé e, alguns meses antes, o escritor e jornalista Franklin Jorge, nascido no Ceará-Mirim, já denunciara aqui o estado de abandono desse importante patrimônio de sua gente e do Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Norte.

Na fotografia, a prova da incúria que contamina a Cultura Potiguar, entregue a pessoas sem nenhum preparo para atuar nessa área, nomeadas sem critério, ou seja, meramente por apadrinhamento político. O jornalista Woden Madruga e a professora Isaura Rosado, por três vezes presidentes da Fundação José Augusto, beneficiários da inércia do Ministério Público e da Promotoria de Defesa do Patrimônio, jamais moveram uma palha por sua preservação e segurança.