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Da solidão de existir

Em alguns, o tempo erige uma fortaleza estranha, cujos os muros são a solidão e a resignação.

*Martin Scorsese

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De qualquer forma, eu realmente não pertenço a esse lugar. Esquecer os experimentos pelos experimentos: aquela sequência de ação em O Cabo do Medo; a direção de Paul Newman em A Cor do Dinheiro. Tentei essas coisas ao longo dos anos. Esse tempo já passou. Abandonar o sistema de estúdios. Achei que estava em um grupo de Hollywood. Não funcionou. Deixar de lado a autoilusão, que talvez seja a coisa mais difícil de se desfazer. Transformar o que se está fazendo em uma expressão pura do que se está fazendo: “Corte, elimine o desnecessário e o que as pessoas esperam.”

Estou com uma certa idade agora, como dizem, e existem problemas familiares e outras coisas. E precisaria ver o filme todo, para conferir a mixagem. E isso levaria muito tempo. Como vou fazer isso? Como vou me concentrar?

E surgiu de uma solidão, que ainda sinto, que tinha a ver com o meu pai e a minha mãe. E eles não podiam fazer nada comigo. Então, me levavam ao cinema.

Vi uma velha amiga algumas semanas atrás; meu Deus, nos conhecemos desde 1970. Não a via fazia anos. Mas, na hora de ir embora, nós nos abraçamos por uns 10 minutos, sem saber se nos veríamos novamente. Não pude dizer mais nada. Mas isso é bom.

(…)