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Da vergonha ser brasileiro

Colaboradora de Navegos reflete sobre o Brasil e questiona cidadãos brasileiros sobre que espécie de orgulho podemos ter de um país que acoita criminosos em cargos-chaves de República.

Adalgisa Assunção

Quando criança, eu ouvia as pessoas dizerem que o Brasil era um país abençoado por Deus e bonito por natureza, uma vez que não sofre com as intempéries causadas pelos fenômenos naturais como grandes terremos, maremotos, tufões furacões, tsunami, etc. Que Deus costumava passar as férias no litoral nordestino e que Ele apreciava, particularmente, as praias potiguares e eu, na mais profunda inocência, inflava meu peito de orgulho por ter nascido nesta terra.

Hoje, adulta e já desprovida dos devaneios da infância, percebo que um país que tem uma classe política igual a que existe no Brasil, não precisa de desastres naturais, pois ela já é danosa o suficiente para provocar malefícios maiores do que aqueles provocados por tais fenômenos.

Que orgulho pode ter um cidadão brasileiro que tem como seu representante seres ignóbeis da estirpe de Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, Renan Calheiros, Zeca Dirceu, Gleisi Hoffmann, Paulo Pimenta, dentre outros?

Não dá para ser feliz sabendo que o político brasileiro, um dos mais bem remunerados do mundo, ocupa-se em roubar dinheiro dos aposentados. Também não dá para entender como é que esses agentes públicos, eleitos para defender os interesses da população, valem-se da ignorância da maioria do povo para votar leis na calada na noite, com o claro objetivo de prejudicar quem os elegeram.

O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o qual, segundo publicações da imprensa nacional, figura na lista da Odebrecht com o codinome “Botafogo”, promoveu uma ilegalidade contra a população violando o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e o Código de Ética quando aprovou, sem quórum, o Projeto de Lei de Abuso de Autoridade.

Fica claro que a classe política brasileira é o maior infortúnio desta nação; que eles não estão nem aí para o povo e que apenas procuram se manter no poder para se locupletarem às custas do suor dos eleitores. Políticos brasileiros são piores do que praga de gafanhotos em plantação de milho: destroem tudo; vão de encontro a tudo aquilo em que o cidadão acredita.

O pior de tudo é saber que, mesmo praticando as maiores atrocidades contra o povo, eles se mantêm livres, soltos e serelepes, zombando da população. Afinal, são eles que criam as leis que acabam por encobrir seus próprios desmandos.

Como se não bastasse a infelicidade praticada pelos políticos, também não se pode confiar naqueles considerados como os paladinos da Justiça – juízes, desembargadores e ministros, que agem da mesma forma como os do Legislativo.

Não dá para entender por quê razão um ministro do Superior Tribunal Federal (STF) pratica atos espúrios, com o claro fito de defender criminosos do colarinho branco, que roubam não apenas o dinheiro público, mas os sonhos de milhões de brasileiros.

Fosse o Brasil um país de homens públicos sérios, todos estariam na cadeia e não sendo tratado como excelências. Não dá para acreditar que, graças à uma decisão do STF, as assembleias legislativas a partir de agora poderão revogar as decisões judiciais que determinam as prisões de seus deputados. É uma afronta uma decisão como esta. Agora é que a roubalheira vai correr sem cabresto.

O STF, graças a seus ministros de atitudes indecentes, transformou-se numa instituição podre, corrompida, sem credibilidade, que humilha os cidadãos, deixando-os com vergonha de ser brasileiro. (NL 01/10/2019)

Adalgisa Assunção – professora  – poetisa.