*Franklin Jorge
Personagem folclórica da política potiguar, o senador Styvenson Valentim parece disposto a conquistar a cadeira de governador. De fato, há um vácuo de lideranças no Rio Grande do Norte e um grande percentual de eleitores dispostos a eleger alguém que não represente as já carcomidas oligarquias que há gerações infelicitam a população, por inércia, despreparo ou roubalheira, como no atual governo e em governos anteriores, dentre os quais o de Garibaldi Alves que, na maciota, segundo seus correligionários, ‘deixava roubar, mas não roubava’; sendo esta a sua maior virtude como governante.
Oriundo do estado do Acre, nos confins do Brasil, Styvenson aqui chegou e se elegeu simplesmente fazendo cumprir a lei, ou seja, prendendo sem discriminação reles cidadãos e deputados embriagados que se achavam donos do pedaço e reis da cocada preta. Seu estilo desabusado e contundente como servidor da lei surpreendeu, pois, e agradou, rendendo-lhe popularidade e um mandato de senador, embora em suas novas funções tenha se revelado uma moçoila tímida, sem predicados e quase nenhuma expressão. Um senador mal assessorado e sem projetos, para não fugir do costume adotado por outros representantes do Rio Grande do Norte.
Apesar de seu estilo espalha-brasa e um tanto jurássico de ser, como guarda rodoviário, fez-se temido e até foi punido por isto. Sua eleição, bancada por seu ex-sogro milionário, satisfez a todos aqueles eleitores já cansados das mesmas famílias e das mesmas caras lavadas de sempre e nele apostaram na esperança de vê-lo fazer o Senado tremer.
Desejado por gays da velha taba de Poti – que pensam ser ele um deles -, às vezes encarna e interpreta a figura de Miguel Mossoró, que quase se tornou prefeito de Natal prometendo construir uma ponte que ligasse o continente à ilha de Fernando de Noronha, distante muitas milhas de Natal. Um Miguel Mossoró, ao contrário do original potiguar, truculento, capaz de meter medo em corruptos com mandato. Nas últimas eleições municipais, apoiando um bom candidato embora inexpressivo e sem carisma para a Prefeitura de Natal, sua má performance prejudicou seu candidato, ao apresentar-se com uma palmatória-gigante em punho com a qual ameaçava escornar a corrupção. Acabou por não ser levado a sério, pois é sabadio que ninguém governa nem se faz respeitar com ameaças.