*Franklin Jorge
Como artista e ativista social, como vê e descreve uso que maus políticos fazem da Cultura
Apesar de ser adepto do lema “eles não são, eles estão” é constatado o quanto um mau político pode frear o progresso da cultura. O tempo que passa na cadeira é suficiente para destruir grupos, desqualificar supostos adversários diante da opinião públIca, perseguir artistas e seus projeto, isto tem consequências graves. Reflete na educação popular. Resulta num prejuízo enorme. Leva-se tempo para resgatar e recuperar a alta estima e o que foi perdido dura décadas ou em muitos casos é irreversível. Essa cultura institucionalizada, segundo gosta citar Franklin Jorge, abre feridas profundas. Cria grotões na cultura. É imperativo mudar.
Quem pensa diferente, e critica essa prática é perseguido, tendo muitas vezes de abandonar sua área ou mesmo mudar de cidade, pelo sistema político essa engrenagem dura anos. Tem o bafo dos poderosos.
Que Idea faz da perpetuação de gestores, há duas décadas controlando a cultura, perseguindo, espezinhando, impondo vontades?
Tudo que perdura muito tempo se torna um vício. Acredito que é preciso ter uma rotatividade para quem coordena a pasta da cultura, ideias novas devem ser bem-vindas. Muitos precisam entender que a cultura não tem dono; o gestor está, não é, que quem pensa ao contrário ou pratica o egocentrismo ou está no lugar errado.
O que falta a cultura de Natal?
Falta um olhar de inclusão, acolhedor, alguém que uma os segmentos culturais, que dê a credibilidade a cultura raiz e a traga de volta aos palcos.
Não é possível que uma cidade com potencial tão grande no cancioneiro popular manifestações folclóricas não ter em seus eventos oficiais uma identidade, tudo ou quase tudo ser exportada de outros estados, como por exemplo o evento Natal em Natal, não se ver brincantes de pastoril se apresentando em aberturas do grande shows ou mesmo sendo exaltados no ciclo natalino, essa sempre foi uma das reivindicações da Sala Natal quando era chamada para reuniões, após várias insistência no assunto, deixamos de ser convidados
Falta em Natal, assim como na maioria das cidades gestores que veja o artista não como inimigo ou alguém que ameace seu espaço e que democratize o processo, construa com a contribuição de todos projetos, o que fazer, como fazer e o qual a real necessidade do artista e do seu grupo.
Como vê a disparidade entre caches de artistas locais e convidados?
Acredito que cada artista tem a liberdade de cobrar o preço do seu cachê, mas é desrespeitoso um artista local, que não deixa seu trabalho a desejar a nada, receber um pagamento muito abaixo, inferior ao pagamento do artista nacional.
Claro que nosso povo merece assistir espetáculo ou ter eventos de qualidade e de variedade, mas o produto da terra tem que ser mais competitivo e exaltado; e o produtor e artista devem ter tratamento igualitário, é questão de bom senso e respeito.
Que lembranças e recordações conserva de sua experiência na Sala Natal?
A Sala Natal me proporcionou a ampliar um leque de oportunidades, dentre ela entrar em contato com muitas pessoas que contribuíram para realizar algumas atividades independentes, mesmo respondendo a pasta da cultura, não funcionava nas dependências da fundação Capitania das Artes e sim no Parque da cidade Dom Nivaldo Monte, que nos fez ter mais liberdade de realizar por exemplos vários eventos literários, com parceria de artistas da cidade, os funcionários do Parque sempre nos trataram muito bem e em conjunto realizamos muitas atividades ao ar livre, talvez por essa certa independência que causou incômodo na célula das coordenações culturais. Sou grato por ter vivido momentos maravilhosos e de aprendizagem.
[Fim da série de entrevistas com Josivan Alves Pereira sobre cultura potiguar]