*Honório de Medeiros
“A verdade é filha da discussão, e não da simpatia” (A Filosofia do Não, Gaston Bachelard)
Ausentar-se de si mesmo e viver a realidade do(s) outro(s), não aquela em-si-mesma (coisas ou fatos), que é extensão do Ser, projeção de como a percebemos, na justa medida em que, no limite último de cada coisa ou fato observado está uma ideia ordenadora da realidade.
“No princípio era o Verbo” (João, 1).
Essa ausência de si denominamos alienação.
Se de mim me ausento não apreendo o Outro, apenas percebo nossas sombras a se moverem na parede de uma caverna existencial onde estamos prisioneiros, como na célebre alegoria de Platão em “A República”.
Tudo, então, é aparência.
Não por outra razão o “conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates.
Conhecermo-nos a nós mesmo implica em dizer não à aparência, a duvidar daquela sombra na caverna.
Somente estamos livres da ilusão quando ousamos dizer não ao que nos aprisiona, nos acorrenta, nos impede de perceber a realidade como de fato ela é.
Ser ou não ser alienado, na verdade, é Conhecer ou não Conhecer, eis a questão, eis o caminho.
Por isso nos provoca Bachelard: “o conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”.