*Franklin Jorge
Como vê a disposição do ministro da justiça no sentido de sacrificar animais resgatados?
É extremamente lamentável que uma autoridade pública que tem a obrigação de zelar pela vida, seja dos humanos, bem como, dos não humanos, defender extermínio de animais inocentes, independente da situação que se encontrem. Ao poder público, cabe a preservação da vida, não o contrário.
Essa ação não vai ao encontro aos direitos dos animais?
Os direitos da vida dos animais encontram-se amparados no Organização Mundial de Saúde, bem como na própria legislação vigente aqui no Brasil (Lei 9.605/1998). Ao poder público cabe a obrigação de cumprir a lei, mas ao que parece, o governo atual tenta a todo custo, via judicial, encontrar uma forma legal de exterminar vidas de animais inocentes que já são violentados por maus tratos.
O que o levou a ajudar os animais em situação de risco?
Desde criança tive a oportunidade de ganhar de presente um cãozinho, que cuidei com todo amor e dedicação. De lá pra cá, nunca mais deixei de cuidar dos animais por perceber que eles são muito puros e que jamais traem os seus tutores. Quando me tornei político com mandato, tive muito mais condições de aprimorar e ampliar meu trabalho em prol dos animais e sempre fiz e faço por satisfação e alegria.
Como o seu trabalho tem sido visto?
Infelizmente, ainda existe muita ignorância por parte de muitas pessoas que não entendem o valor de cada animal e o tratam como objetos descartáveis. Por esse motivo, tenho sido muito criticado por pessoas insensíveis, mas nada disso me abala. Continuarei lutando por eles e tentando aos máximos ser uma dessas vozes pelos que não conseguem falar.
O que me importa é que Deus sabe todas as coisas. Quem quiser reconhecer meu trabalho, sou muito grato, mas quem acha que animais não precisam de amor e cuidado, só lamento; seguirei firme.
No que consiste esse apoio?
Contribuo com os animais, dentro da minha competência legislativa elaborando leis, bem como contribuo fazendo assistência direta, oferecendo cerca de 300 consultas gratuitas todos os meses, a partir de uma equipe de três médicas veterinárias, atendendo em quatro cidades do estado, tudo com recursos próprios.
Mas também fazemos consultas itinerantes pelo estado, com distribuição de vermífugos, além de vários mutirões de castrações e diversos outros tipos de ajudas pontuais e emergenciais.
Como e feita essa triagem?
Não conseguimos fazer nenhum tipo de triagem. Divulgamos que o foco dos nossos atendimentos é para pessoas de baixa renda, no entanto, não temos como vetar atendimentos às pessoas que chegam em carrões, por exemplo. Apenas lamentamos pela falta de compreensão dessas pessoas.
Como vê a atuação dos nossos governantes nesse sentido?
Infelizmente, os nossos governantes, nas três esferas do poder executivo federal, estadual e municipais, simplesmente ignoram a importância e o cuidado aos animais que estão diretamente relacionadas à saúde pública. Não existe nenhuma política pública planejada para esse setor em nosso estado, lamentavelmente. Não fossem centenas de protetores independentes pelo estado ou ONGs de proteção, a situação seria desastrosa e milhares de vidas animais teriam sido ceifadas.
Eu consegui garantir por projeto de lei de minha autoria, a criação de uma coordenação de proteção animal, pertencente a secretaria estadual de agricultura há mais de um ano, no entanto, esse órgão ainda não conseguiu realizar nenhum tipo de trabalho e nem os protetores têm cobrado com efetividade desse órgão.
Já visitou o Centro de Zoonoses? Como o descreveria?
Já visitei o Centro de zoonose de Natal várias vezes, inclusive, moro bem pertinho. A impressão que tenho, quando chego no prédio, é como se estivesse entrando em escombros de guerra, um local extremamente insalubre e feio. É uma espécie de matadouro legal, um campo de concentração de animais.
Os profissionais fazem de tudo para oferecer um trabalho de qualidade, mas a prefeitura do Álvaro Dias despreza completamente esse setor tão importante. Basta dizer que começaram uma reforma faz 4 anos e continua inacabada e parada. A frente do prédio é tomada por um matagal que encobre toda a fachada; é horrível, um desprezo total por parte do prefeito da cidade.
Natal não está precisando de uma espécie de SAMU para o transporte de animais, como há no Recife e Curitiba?
Sobre o SAMU dos animais, quando eu era vereador de Natal, elaborei um projeto que foi aprovado na Câmara, mas infelizmente, o então prefeito Carlos Eduardo Alves e, igualmente, o atual, nunca fez nada pelos animais. Simplesmente vetou a nossa iniciativa. Mas, claro, é importantíssimo um serviço como esse de apoio emergencial aos animais.
O abandono de animais não constitui um caso de saúde pública?
A omissão do poder público, indubitavelmente constitui riscos à saúde pública, isso porque há várias zoonoses de que os animais são vítimas e algumas delas podem atingir diretamente aos humanos. Por isso, atualmente o conceito mais utilizado na modernidade é o de saúde única porque envolve a todos.