*Alexsandro Alves
Durante esse mês de setembro eu me deparo, nas salas dos professores de algumas escolas em que leciono, com cartazes anunciando os 100 anos de Paulo Freire. Embora que seus 100 anos tenham ocorrido em 2021 (ele nasceu em 19 de setembro de 1921), por conta da pandemia será comemorado agora.
Há uma estátua de Paulo Freire em Västertorp, periferia de Estocolmo, Suécia, chamada “Efter badet”, em português, “Depois do banho”. Esta escultura mostra, lado a lado, sentados, sete indivíduos: Elise Ottesen-Jensen, Paulo Freire, Sara Lidman, Mao Tsé-Tung, Angela Davis, Georg Borgströn e Pablo Neruda. Sabe quantos destes são pedagogos? Nenhum deles.
São todos ativistas políticos ou filósofos e literatos que usaram seu tempo para o ativismo e, no caso de Mao, um ditador sanguinário. Mas Paulo Freire está entre eles. Ele é tomado por político e não como pedagogo em países estrangeiros. Quando, nesses países, se fala em pedagogia de Paulo Freire, se entende como revolução e não como educação, aqui no Brasil também, no fundo, sabemos que se trata mesmo disso. Paulo Freire não aparece ao lado de pedagogos. Aparece ao lado de Mao Tsé-Tung, que assassinou milhões de professores e de professoras na Revolução Chinesa. A ordem era invadir universidades e trucidar e esquartejar docentes, em nome do amor revolucionário, aquele amor que faz Paulo Freire tecer altos louvores em “Pedagogia do Oprimido” quando fala de Che Guevara.
O Che e Fidel, foram responsáveis por uma série de assassinatos de homossexuais e prostitutas cubanos, estes indivíduos não eram à semelhança do novo homem e da nova mulher socialistas que a revolução engendrava – chama-se eugenia, daquele tipo nazistas e judeus.
Bem, “o que fazer?”. O Brasil carece de heróis. Ao invés deles, temos arremedos ideológicos perigosos. Um herói é um símbolo. Qualquer nação precisa de símbolos que inspirem o povo e sirvam como exemplos para as novas gerações, porque o símbolo encerra uma ideia. E ideias, além de moverem o mundo, são perenes.
Paulo Freire foi alçado a Patrono da Educação Brasileira. Um título pomposo, à maneira dos que geralmente heróis ostentam. O que problema é o vazio disso tudo. Eu poderia fazer uma crítica contra Paulo Freire – mas já foi feita em cinco artigos disponíveis nessa revista, quem se interessar, basta digitar na lupa de busca “Paulo Freire”. O que me toma mesmo o pensamento é a nulidade de ações políticas no Brasil. O título foi concedido pela presidente Dilma Vana Rousseff em 2012. A questão é: o “método Paulo Freire”, segundo seus próprios admiradores, nunca foi testado no país. Então como ele é o patrono de nossa educação?
Vontade política. Paulo Freire era filiado ao PT, partido de Dilma. Ou seja, apenas mais um baile de máscaras descarado da politicagem brasileira. O velho apadrinhamento. É comum, quando se misturam políticos – e políticas – inúteis com amizades, esse tipo de procedimento: amigos e amigas receberem cargos, títulos, comandas, sem nunca terem de fato feito nada para merecê-los. É como cheque em branco para um familiar, para alguém de confiança. O patronato de Paulo Freire é algo privado, particular, não tem nada de público. Falta de seriedade com a educação.
O ítulo dado a Paulo Freire é ideológico no seu sentido mais baixo. O homem nunca foi testado por aqui. É apenas baixa política, politicagem entre amigos. É muita falta de vergonha da ex-presidente Dilma. Agora imaginem também a quantia do erário que se gastou no evento! Mesmo que nem tenha sido muito, a proposta ao homenageado é indecente e, por si só, o pouco, se foi, é muito.
Em um país sério, em um país onde seus políticos não vivessem com a alma entupida de ideais mofados, aconteceria isso:
– Ministro, desejo tornar Paulo Freire patrono de nossa educação!
– Pois então, presidente, o método de Paulo Freire já foi testado no Brasil?
– Ao que eu saiba, nunca!
– Então iremos prestar-lhe essa homenagem por quê?
Mas no circo ideológico brasileiro, o que vale é a vontade do partido em aparelhar espaços.
Para sanar Paulo Freire de nossa pátria devemos ser radicais. Não é mais apenas a retirada do título de patrono de nossa educação, é também seu nome e tudo o que produziu. Ele precisa se tornar “persona non grata”. E mais. Todos os títulos acadêmicos de graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado, na área de educação ou pedagogia, que foram baseados em qualquer estudo da obra de Paulo Freire precisam ser anulados, invalidados e, os que estão em andamento, interrompidos. Ciência social não é ciência natural. Como se ganha um título por estudar algo que nunca foi testado de fato? E se o método Paulo Freire nunca foi testado de fato, que validade factual têm estudos e sobretudo as conclusões desses estudos, quando baseadas na obra dele? Só no Brasil. É como escrever sobre suco de laranja sem nunca ter provado. As conclusões desses estudos acadêmicos são desse nível. Tais títulos não têm valor, portanto. Serviram apenas para fomentar a titulação de uma legião de indivíduos que repetem, ad nauseam, os mesmos questionamentos para chegar à previsibilidade das mesmas respostas. É apenas gasto inútil do erário.
O que, nós, brasileiros e brasileiras, fizemos para merecer tamanha esculhambação com nossa memória e educação?