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Do cuidado com as palavras, parte de 2 de 2

Será que a Bíblia, escrita por homens, é um livro que apoia estupradores? Afinal, um livro machista e misógino, deve mesmo ser assim…

*Alexsandro Alves

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Antes de qualquer coisa: eu não sou cristão. A parte um desse artigo está aqui.

A Bíblia não é um livro leve. O povo semita, que sempre foi destruidor e guerreiro, não poderia escrever um livro suave. O cheiro de sangue e a sensação fria do corte da espada percorrem as páginas do Velho Testamento inteiro. Não há um único livro no Velho Testamento que não contenha assassinatos ou menção a sangue escorrendo.

Com a contemporaneidade, esse livro entrou em maus lençóis. Uma pena, porque guarda grande poesia em muitos de seus livros.

É claro que se pode atacar muita coisa na Bíblia – sobretudo as que são, no fundo, questões de época; porém há ataques que beiram o histerismo e o desconhecimento, ou a hipocrisia e cinismo.

Eu fico aterrorizado com o grau de histeria contido nas frases da imagem acima. E então? A Bíblia foi escrita por homens, por isso a Bíblia não ordena apedrejamento de estupradores.

Dois pontos. Primeiro, é como se o homem em si fosse estuprador. Segundo, e a Bíblia não o condenasse.

A quem isso serve e o que provoca? Serve, infelizmente, à grande massa de desavisados que nunca leram um único versículo da Bíblia, mas está sempre pronta para descarregar seu ódio. Como a maioria da massa popular não é dada à pesquisa, fica por isso mesmo. E mais, é mais um motivo para vestir o homem, enquanto gênero, o masculino, de perversidade e maldade inatas. Serve portanto para estigmatizar a figura masculina como algo ruim. Serve para inculcar ódio contra o masculino. O mais depravado disso é que encontrei essa imagem nas atualizações de WhatsApp de um homem. Será que ele foi pesquisar a respeito ou agiu como gado na manada? Será que de fato ele é capaz de olhar por sobre as cabeças?

Pois então vamos ver o que de fato a Bíblia fala sobre estupradores. Ou será que esse livro apoia o estupro?

Deuteronômio, capítulo 22, é um dos capítulos centrais sobre crimes sexuais cometidos por homens. Notem que, inclusive, a Bíblia não menciona crimes sexuais praticados por mulheres, como se elas não os praticassem. Bem, parece que a estigmatização do homem está até na Bíblia, escrita por homens! Como puderam? Mas vamos a Deuteronômio.

A partir do versículo 13 ao 30, temos a lei sobre essas questões que envolvem crimes sexuais, em particular os versículos 25, 26 e 27, que destaquei em negrito.

Eis o texto:

13 Quando um homem tomar mulher e, depois de coabitar com ela, a desprezar,

14 E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ela, porém não a achei virgem;

15 Então o pai da moça e sua mãe tomarão os sinais da virgindade da moça, e levá-los-ão aos anciãos da cidade, à porta;

16 E o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei minha filha por mulher a este homem, porém ele a despreza;

17 E eis que lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem a tua filha; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa diante dos anciãos da cidade.

18 Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquele homem, e o castigarão.

19 E o multarão em cem siclos de prata, e os darão ao pai da moça; porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será por mulher, em todos os seus dias não a poderá despedir.

20 Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça,

21 Então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.

22 Quando um homem for achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel.

23 Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,

24 Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti.

25 E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então morrerá só o homem que se deitou com ela;

26 Porém à moça não farás nada. A moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo, e lhe tira a vida, assim é este caso.

27 Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.

28 Quando um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e pegar nela, e se deitar com ela, e forem apanhados,

29 Então o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias.

30 Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, nem descobrirá a nudez de seu pai.

Pelos versículos destacados, observamos que a escritura masculina da Bíblia NÃO APOIA O ESTUPRADOR, na verdade, o compara a um assassino e o condena à morte – e não condena à morte a mulher estuprada.

Porém mostrar a verdade não ensejaria aquele ódio, aquela raiva, aquele protesto que engaja, não é? Aquela justiça social!

Observem bem, eu não estou passando a mão na Bíblia! Apenas não gosto de meias verdades e muito menos aprecio essa perseguição contra o homem escancarada aos quatro ventos.

Mas por que a Bíblia não menciona mulheres estupradoras? Elas existem? Ou será que aquela frase “não todo homem, mas sempre um homem”, não é apenas histerismo, mas um retrato da realidade? Fica para depois.