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Do mundo como ideologia e representação

Colaborador de Navegos escreve sobre a quebra de princípios estratificados e da inadequaçao de comportamento que põe a sociedade em risco.

*Alexsandro Alves

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O início desse texto você encontra aqui https://www.navegos.com.br/politica-filosofia-literatura/

Após os acontecimentos de maio de 68 em Paris, vários filósofos se ergueram para encher o movimento de intelectualidade. Foucault, Derrida, Deleuze, Althusser, Guattari, Butler, são alguns desses homens e mulheres que intentaram continuar, no plano das ideias, as insurgências políticas e sociais dos jovens parisienses de maio de 68.

A principal preocupação desses pensadores é com a quebra e a deslegitimação de qualquer princípio de autoridade. A autoridade, compreendida enquanto uma imposição da manutenção da ordem patriarcal, masculina, deveria ser atacada, destruída e superada. A negação de qualquer autoridade, leva a indefinição de fronteiras.

A ordem bem delimitada é um dos pilares da organização social, política e cultural de qualquer sociedade. Essa transvalorização dos valores, que não é a mesma de Nietzsche, mas é por ela inspirada, abarca desde a organização familiar aos presídios, escolas e hospícios; as relações sexuais e as questões de gênero também são reanalisadas dentro desse paradigma e finda por tornar qualquer aspecto humano indefinido ou ao gosto do ser.

Foucault e Guattari proporão que a loucura sempre foi incompreendida pela sociedade; que o cérebro esquizofrênico é a única saída para a multiplicidade de experiências sensoriais e afetivas de uma grande metrópole.

A escola e a figura do professor, assim como seu papel na educação também serão combatidos e reanalisados. O professor, afinal, é uma figura de autoridade patriarcal, uma espécie de substituto do pai.

Aliás, como já devem ter notado, é essa figura a mais combatida. Foucault tinha sérios problemas com ela, como demonstram sua História da Loucura e também sua História da Sexualidade. É Scruton quem, novamente, dá um norte. Para ele, esses pensadores parecem sempre problemáticos com seus próprios pais, com a figura paterna. Dessa inadequação familiar, constroem uma narrativa sem parâmetros e sem delimitações. As perguntas que ficam são: se não devem existir fronteiras, então está tudo permitido? Se toda a autoridade precisa ser questionada e arrasada, quem dirá para quem o que é “meu”, “teu”, “dele”? Aliás, existe um “meu”, um “teu” e um “dele”?

(Continua)…