*Franklin Jorge
Minha geração deu à Literatura Brasileira alguns nomes significativos, reconhecidos e consagrados, como artífices e propagadores de virtudes e do talentos, embora muitos deles só contem com o reconhecimento de seus próprios pares. Dos quais, a meu ver, três se destacam, dois dos quais já precocemente mortos. Sou, portanto, um sobrevivente desiludido…
São eles, Nilto Maciel e Nelson Hoffmann, escritores multifacetados, laboriosos e entusiasmados por essa espécie de generosidade que qualifica o talento. Escreveram ambos obra variada, impressiva, significativa e personalíssima, que lhes tem conquistado admiração e reconhecimento.
Hoffmann foi-me uma recomendação de Ascendino Leite, outro mestre de estirpe espiritual e intelectual sthendhaliana. Disse-me que teríamos, o gaúcho da fronteira e eu muito a discutir e a ganhar compartilhando visões e experiencias. Escrevi-lhe. E logo nos tornamos amigos de velhos tempos
Por mim, afirmo que Nelson Hoffmann foi-me uma das mais queridas surpresas que já tive na intimidade e no convívio de um escritor e sua obra desconhecida que, num certo momento de nossas vidas, tornou-se marcante e significativa. Grande leitor, pesquisador, criador autônomo fluente e capitoso em todos os gêneros, inclusive o detetivesco que anima e enleia na figura desse Dr. João Roque Landblut, um advogado de porta-de-cadeia e de penimbas conjugais que resolve as mais complexas tramas suburbanas.
Primeiro prefeito eleito de seu município na fronteira gaúcha, professor, ficcionista, pesquisador, historiador, crítico da estirpe de um John Macy, faz-nos simpatizar imediatamente com a obra que descreve com empatia, espírito e afetividade. Fundador da biblioteca municipal a que empresta o seu nome muito digno e laborioso.