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Dois mestres que me inspiram 2 de 2

Segunda parte de artigo em que Fundador de Navegos escreve sobre os autores que marcaram com grandeza a sua geração e a ele em particular.

*Franklin Jorge

[email protected]

 

A primeira parte desse artigo você encontra aqui.

 

Surgimos, o cearense Nilto Maciel e eu, com diferença de dias ou meses. Ele, chamando a atenção com O Saco, publicação que continha escritos avulsos de todo o Brasil. Era o que se podia aclamar como Paladino da Literatura. Jovem e cheio de energia, movia-o o altruísmo e o entusiasmo do talento que nos despertava, de pronto, a atenção e o desejo de colaborar com aquela obra que desvelava escritores e poetas anônimos ou dispersos.

Há 50 anos éramos todos nós inexperientes e idealistas; às vésperas de uma distopia, fazíamos alguma fé no futuro.

Romancista, crítico, editor, divulgador e agente cultural, chamou a atenção do Brasil para um grupo de escritores, em especial, do Nordeste que ainda era lembrado pelo romance regionalista de 1930.

Dele gosto particularmente da crítica fluente, descomplicada, clara, sagaz, frequentemente espirituosa. Diria, originalíssima, como fruto do talento e da lucidez. Em Ficção, escreveu uma obra-prima que ressalta a fantasia e o engenho criativo do autor.

Após um lapso mais ou menos de 30 anos, nos reencontramos: ele, comboiando um rico acervo que dimensiona. Um mestre adepto da autoironia, embora parco e parcimonioso nesse delicioso quesito.

Gregotins de Desaprendiz é, dos seus títulos, o meu predileto. Livro leve, alado, cheio de verve e substância. Um livro que me teria dado prazer escrever, tanto quanto me gratificou tê-lo lido, relido e voltado a lê-lo com a mesma sensação de descoberta de um mestre da arte da palavra.

Teve ainda moço uma morte enigmática. Foi encontrado em sua casa, em Fortaleza, sentado em uma cadeira com um livro aberto aos seus pés e uma poça de sangue.