*Lívio Oliveira
De logo, ao adentrar no recinto da exposição de João Maria Alves, na galeria que muito justamente leva o seu nome, incrustada no Mercado de Petrópolis, percebo que os meus olhos tomam um movimento quase que frenético, inquieto e perscrutador, ondulando juntamente às formas voluptuosas das dunas retratadas pelo veterano e respeitado artista das imagens.
As dunas de João trazem os mesmos mistérios das paisagens lunares e nos deixam atônitos, buscando completar formas (Gestalt?!) e pensamentos que voam como pétalas ao vento da reflexiva solidão sobre as gigantescas e brancas formações arenosas (Que, muitas vezes, tomam cores e formas diferentes, frente às danças da lua e do sol e aos ares soprando).
João Maria Alves é um artista fotográfico acima da média porque sabe que não deve dar respostas fáceis e imediatas a todos os questionamentos do olhar. Com essa e outras virtudes, João permite generosamente que o observador das suas fotografias não se mantenha neutro, mas participe como um atento e ativo participante da cena, mesmo que não se veja de imediato.
A única certeza é a de que o sensível e perspicaz apreciador da arte fotográfica de João Maria Alves perceberá o fator humano preponderante em meio às areias inquietas e que testemunham as transformações externas da natureza e da humanidade e os devaneios milenares da compreensão humana.
As dunas de João Maria Alves nos transportam para ambiências em que as cores, formas, conceitos e paixões se sobrepõem, afastam-se, reaproximam-se e se libertam, num desatar de perplexidades e de incertezas e curiosidade, que no final das contas, é o que move mesmo o humano e os seus talentos, como esses sedutores talentos do olhar que João Maria Alves explora com rara perícia e nos permite o prazer de ter diante também das nossas vistas, que se alongam, que se ampliam e que ganham motivos para ver mais.
