*Nadja Lira
As eleições realizadas neste ano de 2022 fugiram aos padrões das realizadas no passado e, portanto, tiveram um caráter atípico. Diferente de tudo aquilo que já se viu. Vários fatos me chamaram a atenção e o primeiro deles foi a derrota fenomenal imposta à oligarquia da família Alves, hoje resumida ao vice-governador eleito Walter Alves. E isto só ocorreu porque a família, sem a menor cerimônia, decidiu se curvar e lamber as botas de Fátima Bezerra.
Outro fato impressionante foi a forma desleixada, arrogante e desrespeitosa como o senador Styvenson Valentim decidiu concorrer à cadeira de Governador do Estado. Se ele queria inovar na forma de como participar de um pleito eleitoral, quebrou a cara. Afinal, o eleitor precisa ver o candidato e conhecer suas propostas.
Styvenson não participou de caminhadas tampouco de passeatas. Pouco apareceu nas redes sociais e se recusou a se mostrar no Programa Eleitoral, que funciona como uma vitrine com o objetivo de mostrar o candidato ao eleitorado. Ele preferiu passar seus finais de semana recebendo os carinhos da mamãe e do seu cachorrinho de estimação. Perdeu e condenou o RN a ter sua saída do mapa do Brasil decretada com a vitória de Fátima. Demonstrou alguma disposição para a luta durante o debate, mas logo arrefeceu.
É importante destacar que, ninguém vota em um político apenas por sua beleza física, por seu porte de atleta, ou pela cor dos seus olhos. Fábio Faria foi o único que conseguiu esta proeza no Rio Grande do Norte, quando se elegeu para deputado federal, com os votos das meninas seguidoras de Annita. O eleitor de hoje está um pouco mais exigente, graças à internet.
Penso que a omissão de Styvenson será lembrada por muito tempo, assim como também não será esquecida a luta travada por Fábio Dantas. Ele passou de candidato fraco, sem grandes chances de sucesso, a um pretendente guerreiro, corajoso e destemido. Sua ousadia o fez ultrapassar o favoritismo inicial de Styvenson, levando-o à segunda colocação na disputa. Ficou longe, mas valeu o esforço para livrar o RN das garras petistas.
O povo norte-rio-grandense demonstrou mais uma vez, que não sabe votar. Prova disto é a reeleição de dona Fátima Bezerra, que entra para a História do RN como a governanta que em sua primeira administração, não fez absolutamente nada pelo Estado. A recondução da tropa petista à Câmara Estadual e Federal também foi surpresa para mim. Não consigo entender as razões pelas quais um eleitor consciente opta por votar em pessoas como Isolda, Mineiro e Natália Bonavides, entre outros, para representar nosso Estado.
O discurso de campanha de dona Fátima, não me convenceu. Dizer que recebeu o RN falido e que pagou salários atrasados deixados por Robinson Faria, para mim foi apenas blá-blá-blá. Afinal, a dívida era do Estado e, portanto, responsabilidade de qualquer pessoa que estivesse no comando do Estado. Além disso, as dívidas foram quitadas sem o devido reajuste e com verbas oriundas do Governo Federal que ela tanto despreza. Aliás, se não fossem as providências de Bolsonaro, o RN já não existiria mais no mapa do Brasil.
Também me chamara a atenção, as situações ridículas envolvendo políticos tradicionais e que ostentam currículos invejáveis, como é o caso de Garibaldi Alves Filho. Um sujeito que ocupou cargos de grande destaque no País e que deveria estar recolhido cuidando dos netos, surge mendigando votos ajoelhado diante de uma petista, fazendo dancinha do TikTok e levando “sarrada” de eleitora…. As atitudes de Garibaldi, na minha visão de eleitora e pagadora de impostos, deixaram-no pequeno demais. Mas, o que um político tradicional não é capaz de fazer, a fim de permanecer no poder? José Agripino Maia entendeu bem o recado das urnas e merece aplausos.
A derrota imposta a Henrique Alves deve ter sido terrível para ele engolir, já que sempre foi campeão de votos no RN. Mas esta derrota apenas serve para lembrá-lo de que sua hora já passou, assim como também já passou para Carlos Eduardo. O atual camarada Carlos tinha tudo para concorrer contra Fátima e quem sabe, hoje poderia estar comemorando sua vitória como governador. Era o desejo do povo potiguar. Mas foi covarde e preferiu adotar a postura subserviente como adorador de uma petista, que vai acabar de solapar o RN. Carlos vai figurar na Galeria dos Esquecidos.
Acredito que a maior surpresa deste pleito eleitoral, foi a vitória de Wendel Lagartixa, como o deputado estadual mais votado. A expressiva votação de Lagartixa provocou um pânico geral entre a bandidagem e a população é quem paga o pato. Da parte do governo nada tem sido efetivamente feito de modo que, “agora, o melhor vai começar”. Estas, sem sombra de dúvidas, foram eleições atípicas.