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Em Serra Negra do Norte

Fundador de Navegos declara o seu amor à um lugar repleto de magia que poucos potiguares conhecem.

*Franklin Jorge

Por duas ou três vezes tive o prazer e a honra de hospedar-me na, em Serra Negra, na fazenda do ex-prefeito de Natal Vauban Faria, recebeu como parte da herança paterna. Nessa fazenda foi assassinado um dos filhos do então governador Juvenal Lamartine, acolhedor no Rio Grande do Norte do nascente movimento feminista. Um crime hediondo que tirou o hálito de vida do engenheiro Otávio Lamartine. Havia uma placa aludindo ao fato.

É Serra Negra um lugar que me encanta. A começar por sua igreja colonial que nos surpreende, estar ali, naquelas solidões, a guardar a tradição e a devoção de um povo que vive na fronteira da Paraíba.

Numa dessas visitas, na companhia do Dr. Albérico Batista da Silva, o senhor daquela casa senhorial, magro e educado, deu-me um exemplar do livro que conta a história de seu avô, sobre quem escrevi um artigo que deve estar reunido em Leituras potiguares, livro meu ainda inédito.

Há, à sombra dessa serra misteriosa, remota para a maioria dos potiguares, com o tempo ganhou um cemitério alegre, limpíssimo, uma Casa de Cultura que se destacava em tudo das demais existentes em solo norte-riograndense, quando a visitei anos atrás. Nem parecia ser uma instituição pública, pelos cuidados e atenção que lhe eram dispensados.

É um lugar onde eu moraria satisfeito, até o meu suspiro final. Ali teria chão e céu, além das histórias que se ocultam naqueles casarões. Só correria o risco de não escrever nada sobre Serra Negra. Uma nesga do paraíso.

 Franklin Jorge – Escritor e ativista dos Direitos dos Animais.