*Abraão Gustavo
“O vício da literatura greco-latina vacinou-me contra as ditaduras mentais contemporâneas.”
Luís da Câmara Cascudo
Cascudo, no ápice do seu pensamento contemporâneo, nos alertou sobre as tendências futuras de ditaduras do pensamento moderno.
Acredito que podemos chamar de profeta de seu tempo. Bem informado, tinha seu espírito atento e continuava mantendo a serenidade e sobriedade do seu trabalho intelectual, mesmo em meio às tendências modernas e inovadoras.
Se naquele tempo já havia preocupação em se livrar de ditaduras mentais, penso que hoje a ditadura se profissionalizou e mudou de patamar. Artigos de pensamentos e questões mais complexas que exigem um pensamento mais aprofundado estão cada vez mais obsoletos e olhados com certa futilidade.
Virou moda adorarmos e exaltarmos como símbolos do país Tiktokers e Youtubers de plantão. Aliás, se paga muito bem por esse tipo de conteúdo, monetização é em dólares, o que torna a coisa muito mais interessante a nível de entretenimento. E nossa cidade, Natal, de raízes potiguares, é claro que não escaparia dessa futilidade.
Vivemos sobre a sombra de uma antiga cidade com tradições barrocas, ainda mantemos de forma mambembe nossos cordéis, autores independentes juntando suas economias, vaquinhas, para terem suas ideias literárias em circulação. Feiras literárias se juntando a serviços artesanais, literatura virou souvenir de turistas, coisas que não têm utilidade primária.
Tudo isso explica nossas prioridades, ser médico ou um advogado virou algo secundário, pergunte a uma criança aqui na cidade: o que você deseja ser quando crescer? Se ela não estiver distraída com celular na mão, aposto que vai ter sua resposta.
Frases filosóficas como:
“A vida feliz consiste na tranquilidade da mente.”
Cicero
“Quer ter vida fácil arrasta para cima.”
Louco do marketing digital
QUEM: Abraão Gustavo é pernambucano, filho de uma carioca com um potiguar, e cresceu em Natal/RN. Atua na área de Pedagogia desde o ano de 2015. É fundador e coordenador da Cia Chama, pesquisador na arte de contar histórias; escritor de histórias infantis, possui experiência em comunicação para Rádio e TV. Após mudar-se para a cidade de São Paulo, descobriu-se enquanto cursava a faculdade e, nos intervalos de trabalho, viu-se como um escritor e contador de histórias. Após as andanças pelo país, retornou a suas raízes potiguares. Ao retornar, escreveu: “Voltar às raízes é redescobrir o mundo com olhar de criança, que se surpreende ao conhecê-lo pela primeira vez”. Vive atualmente em Goiânia.