Honório de Medeiros
Interessante o pensamento de Avi Tuschman, antropólogo evolucionista americano da Universidade Stanford, autor de Our Political Nature: The Evolutionary Origins of What Divide Us.
Ele é especialista no estudo das raízes das nossas escolhas ideológicas, e afirma que a carga genética de uma pessoa influencia tanto suas escolhas políticas, quanto as informações que ela recebe ao longo da vida.
É como venho pensando ao longo do tempo. O grande sobrevivente dentre os titãs do conhecimento humano no século XX foi Darwin. Sua Teoria da Evolução sobreviveu às críticas desde o surgimento. Teoria que tende um pouco à frente a se transformar em lei universal, tal sua resistência aos testes que lhe foram aplicados.
Freud não resistiu ao desmonte que seus ex-alunos, especialmente Otto Rank e Jung, fizeram do núcleo de suas hipóteses. Muito menos à crítica dos epistemólogos quanto ao caráter não científico de sua metodologia.
O marxismo passou a ser percebido enquanto um subsistema da lei da evolução, dispensada sua filosofia de cunho hegeliano, falsa inclusive em seu cerne, a filosofia da identidade, ou melhor, sua lógica dialética. E Einstein, o imenso Einstein, sucumbiu à física do interior da matéria, à física quântica de Heinsenberg e Planck, muito embora tenha transformado a física newtoniana em um caso limite de sua teoria da relatividade geral.
Pois bem recomendo a quem quiser se aprofundar no assunto ler O Animal Moral e Não Zero: A Lógica do Destino Humano, de Robin Wright. E quem quiser ir mais além, muito mais além, ler O Gene Egoísta, de Richard Dawkins, e A Perigosa Ideia de Darwin, de Daniel C. Dennet.
Mas trocando em miúdos, o que afirma mesmo o autor?
Ele afirma, entre outras coisas, que em boa medida os homens já nascem “programados” para serem liberais ou conservadores, e que não somos totalmente racionais em nossos posicionamentos políticos. Esse é o cerne da questão.
Em relação à afirmação de que não somos totalmente racionais em nossas vidas, vale a pena ler Subliminar e O Andar do Bêbado, ambos de Leonard Mlodinow, professor do famoso Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Quanto a nascermos ou não “programados”, em boa medida, não somente quanto à ideologia, mas em muitas outras áreas que supúnhamos racionalmente ocupadas pela espécie humana, estamos no marco quase zero de um processo que há de revolucionar a civilização, tal o impacto que irá causar. No Direito, por exemplo, atingirá seus alicerces.
Isso se o avanço da ciência sobreviver ao obscurantismo.