*Julio Ramón Ribeyro
Não foi escrito por um motivo, mas por vários, cuja importância varia de acordo com a época e o estado espiritual do escritor. Pessoalmente, e sem que a ordem implique prioridade, escrevo porque é a única coisa que gosto de fazer, porque é o mais pessoal que posso oferecer (aquilo em que não posso ser substituído); porque me liberta de uma série de tensões, depressões, inibições; por hábito; descobrir, conhecer algo que a escrita revela e não o pensamento; conseguir uma frase bonita; tornar memorável o efêmero, mesmo que seja para mim; pela surpresa de ver um mundo emergir da cadeia de signos convencionais que se traça no papel; por indignação, por pena, por saudade e muitas outras coisas.
Julio Ramón Ribeyro
Narrativa peruana 1950/1970