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Escrever faz do homem um ser superior

Escritor e professor aposentado conversa com o Fundador de Navegos e nos dá lições de vida.

*Franklin Jorge

O professor e escritor Antenor Laurentino Ramos, 74 anos, o Autor de “Memorial da Anta Esfolada” é sucesso na sala de aula, ensinando Gramática com base na dissecação de discursos e declarações da “presidenta” Dilma Rousseff. Ele passa a escrever nesta publicação duas vezes por semana, aos sábados e às terças-feiras.

Abaixo, fragmentos da entrevista que ele concedeu à Fanpage da Editora Feedback:

O que compete ao mestre?

Antenor Laurentino Ramos. Agora você me pegou! Que pergunta complexa e desafiadora. Mas, tenho de responder, não é? Cabe ao professor fazer com que o aluno não se sinta uma figura passiva. A grande tarefa do professor é fazer com que o aluno se apodere do mundo do conhecimento. Ao professor é exigida a humildade. É através da humildade que o aluno é tocado pelo professor.

“Pátria educadora”. Que slogan é esse?

Tenho horror a esse slogan que cheira a totalitarismo e a lavagem cerebral.

O que o levou a transformar os discursos e pronunciamentos da “presidenta” Dilma Rousseff em objeto de estudos gramaticais?

O professor não é um mero repassador de matérias. Ele tem um papel político, ao levar o aluno a desenvolver o juízo crítico e, na medida do possível, fazê-lo dizer o que pensa acerca das coisas. Através do debate o aluno é levado ao conhecimento, como fruto das descobertas. Os discursos da “presidenta” se prestam excepcionalmente à análise da língua normativa ou língua padrão. Os exemplos extraídos de sua fala facilitam esse processo de aprendizado relativo ao uso da língua. O Congresso também poderia se enquadrar muito bem em casos como esse.

O que pensam os jovens?

Eles vivem sempre em função de descobertas. E, através de dessas descobertas, vão construindo o pensamento. Para conhece-los é preciso entrar no jogo deles.

O que está faltando à escola para que seja eficaz?

A escola está precisando de muita coisa. Especialmente aquelas coisas que chamamos de Especial e Geral. Há um excesso de disciplinas. Precisamos estimular o hábito, a prática e o gosto da leitura.

O que falta à cultura?

Divulgação, valorização e formação de públicos. E, despertar em todos o gosto pela cultura.

O que efetivamente aprendeu ao escrever “O Memorial da Anta Esfolada”?

Escrever é um constante refazer. Um processo constante de aprendizado e isso passa pela repetição; pelo reescrever, de modo tal que às vezes você se surpreende com o resultado. O melhor do texto, sugere Clarice Lispector, sempre está nas entrelinhas. Escrever faz do homem um ser superior.

Abaixo, foto do professor e escritor Antenor Laurentino Ramos,
Autor de “Memorial da Anta Esfolada”, de subtítulo “Nova Cruz no Espaço e no Tempo” (Editora Feedback, Natal, 2014).

Franklin Jorge – Escritor, Jornalista e editor da revista Navegos.