*Franklin Jorge
Dizer o máximo em poucas palavras parece ser o fundamento da boa escritura. Quando sobram palavras numa sentença fica evidente que isto ocorre porque faltaram pensamentos ao autor. No jornal, por exemplo, a boa manchete é urdida em uma única linha composta com o mínimo de vocábulos. Não se concebe o título de um livro em duas linhas. Logo o leitor percebe, quando isto se faz notar, que o excesso é exorbitante e o autor, por inépcia, despreparo ou falta de talento, não tem nada dizer-nos. A mediocridade, como sabemos, é superlativa; confunde em vez de iluminar e esclarecer.
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Há escritores que parecem escrever, não para o leitor que deseja apenas distrair-se com a leitura, mas para outros escritores. Como Borges e Murilo Mendes, cujos livros nasceram dos livros e de suas leituras. Lendo-os e relendo-os, incursionamos, não apenas por suas bibliotecas, mas nos apoderamos duma cultura universal.
Franklin Jorge
Os cadernos de Jorge Antônio
[Fragmento de jornal literário, inédito]
Foto Estúdio de Franklin Jorge
Pitimbu, 2022.