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Esperteza, despreparo, desleixo

Colaborador de Navegos faz uma cartografia sintética da atuação da governadora Fátima Bezerra na Cultura Potiguar.

*Francisco Alexsandro Soares Alves

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Já conhecemos o desprezo que a governadora Fátima Bezerra tem pela saúde, pela educação e pela cultura. Pela saúde, é bom lembrarmos, o famigerado “Consórcio Nordeste”, que gastou R$ 5 milhões de reais em respiradores e estes nunca chegaram ao estado. Pela educação, greves anuais pela reivindicação de direitos básicos. Pela cultura, projetos “grandiosos” como o do pastel de Tangará dão tom a essa cacofonia.

A política cultural da governadora é pautada pelo desleixo, despreparo e desprezo. De fato, Fátima Bezerra não tem a mínima noção de cultura. Ela se ampara no fato de, aqui no RN, os mais incapazes se colocam como baluartes da cultura a anos. Ela apenas continuou a dança macabra.

Temos agora um novo capítulo no desprezo que a governadora despensa à cultura. Me refiro ao Museu da Rampa, obra dedicada à memória dos feitos potiguares na Segunda Guerra. Desde 2015, ainda com Rosalba Ciarlini, a Fundação Rampa dialogava com o Governo do Estado para transferir todo o seu vasto material para o museu. Tudo catalogado. Em 2019, quando a atual gestão iniciou sua depredação cultural, esse diálogo foi suspenso, a governadora pediu o prédio em que se encontravam os materiais armazenados de volta e todos os objetos catalogados retornaram aos seus proprietários.

Mas eis que, uma reviravolta. Com os objetos agora nas mãos de seus antigos donos, a governadora resolve amealhar tudo de novo! Mas para isso monta todo um esquema envolvendo a Lei Câmara Cascudo no valor de mais de R$ 6 milhões de reais. Isso é aquela “esperteza” que a baixa política usa, um expediente baixo.

E não acaba aí. O Estado contrata a Casa da Ribeira para cuidar desse acervo, porque segundo os nossos baluartes culturais, a instituição possui “notório saber” na manutenção de museus. Piada pronta. A Casa da Ribeira nunca cuidou de museu nenhum! Aliás, o memorando que a contrata para essa função já nasceu viciado: antes mesmo de abrir licitação, o Governo do Estado já havia decidido por ela, conforme demonstram as investigações do Ministério Público. Outra: não foi a Secretaria de Cultura que cuidou desse assunto, foi a de Turismo, porém, conforme apurou o Ministério Público, a Coordenadora de Articulação e Ordenamento da Secretaria de Turismo não conhece a Casa da Ribeira, e sequer teve conhecimento dos processos de contratação.

O mais alarmante vem agora. Com boa parte do museu pronto, a governadora resolve modificar a planta do prédio. Isso mesmo. Além do dinheiro gasto desnecessariamente e por incompetência e esperteza de Fátima Bezerra, ela agora resolve que é arquiteta e engenheira. Por exemplo. Um dos salões de eventos, equipado com poltronas, porcelanato e ar-condicionado, Fátima disse “não! Modifica isso!”. Ao invés de poltronas, um salão de eventos onde os participantes se acomodarão no chão. Ao invés de porcelanato, cimento queimado. E nada de ar-condicionado também. Essa mentalidade tacanha e contra a cultura da governadora Fátima Bezerra me faz pensar nessas depredações ao patrimônio de Natal que vêm ocorrendo em nossa cidade. Esse desprezo pela cultura, esse ranço pela nossa memória, essa zombaria com o nosso patrimônio! Fátima Bezerra pensa semelhante àqueles terroristas…

Deve ser a pipoca Bokus. Como diria Fátima: “É golpe”.