*Virgínia Woof
A grande maioria dos críticos vira as costas ao presente e olha para o passado. Sem dúvida que não comentam, com razão, o que está realmente a ser escrito neste momento; esse dever eles deixam à casta de revisores cujo nome por si só parece implicar transitoriedade em si mesmos e nos objetos que examinam. Mas às vezes nos perguntamos se o dever de um crítico deve estar sempre voltado para o passado, se o seu olhar deve estar sempre voltado para trás. Ele não poderia virar-se às vezes e, protegendo os olhos do sol como Robinson Crusoé numa ilha deserta, olhar para o futuro e localizar na neblina as tênues linhas de terra que um dia poderemos alcançar? A veracidade de tais especulações é improvável, é claro, mas numa época como a nossa há uma grande tentação de lhes dar rédea solta. Vivemos numa época em que claramente não estamos firmemente apegados a nada; as coisas se movem ao nosso redor e nós também nos movemos. Não é dever do crítico dizer-nos, ou pelo menos conjecturar, para onde vamos?
Virgínia Woof