• search
  • Entrar — Criar Conta

Eu acredito em anjos…

Colaboradora de Navegos relata episódio sobrenatural em que teria se encontrado com um anjo

*Nadja Lira

Cidade dos Anjos é um filme que me deixa profundamente emocionada. Ele conta a história de Seth (Nicolas Cage), um anjo, cuja incumbência é andar na Terra para consolar os que acabam de morrer. Numa dessas ocasiões, ele se depara com Maggie (Meg Ryan), uma cirurgiã bastante prática e racional, que está operando uma pessoa que ele veio buscar. Ao perder o paciente, Maggie fica deprimida, sentindo-se incompetente em seu trabalho. Seth tenta reconfortá-la e acaba se apaixonando por ela. Essa paixão leva-o a um impasse, porque ele terá que escolher entre permanecer imortal ou tornar-se humano para viver seu amor. O final da história é muito triste o que já é natural em histórias de amor.

De acordo com o dicionário Michaelis, anjo é um ente puramente espiritual, dotado de personalidade própria, que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens. Cidade dos Anjos é uma ficção que mostra os seres celestiais vivendo entre os humanos. Eu acredito nisto. Acredito sinceramente, que os anjos são enviados a Terra para nos ajudar nos momentos de grandes aflições e desespero. Para executar esta tarefa, eles chegam silenciosos, tomam a forma de pessoas que vivem bem próximas de nós e nas quais confiamos. Posso afirmar que já vi um anjo. Tudo aconteceu quando eu era estudante do curso de Jornalismo, na UFRN.

Certa noite ao final da aula, minha turma recebeu a notícia de que os motoristas de ônibus haviam entrado em greve e, portanto, não havia transporte circulando pela cidade. Quem não tinha carro ficou em polvorosa. Inclusive eu. Como voltaria para casa? Era a pergunta que me atormentava. Peguei uma carona do Campus até a Salgado Filho, onde imaginava tomar um táxi até a minha casa. Puro engano. Não havia qualquer movimento de transportes coletivos em toda a cidade. O relógio marcou meia-noite para acentuar ainda mais o meu desespero, uma vez que só tinha eu na rua deserta.

Foi quando um rapaz chegou à parada e depois de alguns minutos de conversa, descobri que ele morava no mesmo bairro que eu. Pelo menos foi isso o que ele me disse naquele momento. Devo ter expressado minha preocupação em como voltar para casa, porque ele disse que eu não me preocupasse que ele me levaria para casa sã e salva. E eu não sei explicar as razões que me fizeram acreditar nele, já que se tratava de um estranho. Quando externei minha preocupação com a hora, ele disse simplesmente: “Está vindo um veículo para nos levar”. Coincidência ou não, o fato é que logo depois chegou uma Kombi cujo motorista estava dirigindo justamente para a Zona Sul, local para onde nos dirigíamos. O rapaz me olhou e disse: “Vamos: Confie em mim. Vou deixá-la em casa”. A voz dele inspirava confiança e eu fui. Quando chegamos ao bairro de Neópolis, o motorista parou em frente a um barzinho afirmando que mudara de ideia, portanto, aquele local era o fim da linha. Descemos do veículo e fizemos o resto do percurso a pé.

No céu, a lua brilhava, iluminando a estrada para nós. O rapaz disse que era aluno do curso de Física e todas as noites, assim como eu, jantava no restaurante universitário e que morava em uma rua nas imediações da minha casa. Depois de caminharmos quase um quilômetro, chegamos ao destino. Já era madrugada. Ele esperou que eu entrasse em casa, acendesse a luz e só depois de certificar-se de que eu estava em segurança foi embora. Nos dias seguintes eu o procurei no restaurante universitário, mas jamais consegui encontrá-lo, assim como jamais o vi no bairro. Ele dissera que jantava no mesmo local que eu, morava no mesmo bairro, próximo da minha casa, portanto, era natural que os nossos caminhos se cruzassem outra vez, mas isto jamais aconteceu. Por isso eu tenho certeza: aquele rapaz, que não me disse sequer o seu nome, só podia ser um anjo disfarçado que passeava pela Terra, com o objetivo de ajudar a uma estudante de jornalismo, durante uma greve de ônibus.