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Fahrenheit 451 é agora

O fado ruim que assola a literatura nacional é marcado pelo compasso de políticas públicas que espelham a atual miséria intelectual do Brasil.

*Alexsandro Alves

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Fahrenheit, não!

O fim da Literatura.

Tudo que tem começo, tem fim, advertia-nos a velha Luiza Pixuí toda vez que se deparava com um problema. Afinal, arrematava com autoridade, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca termine…

Isto se aplica também à literatura, vilipendiada por um regime de exceção que difunde a mediocridade e encolhe o cérebro de tantos brasileiros que não pensaram e se deixaram enganar por narrativas falaciosas urdidas com o intuito de distorcer e enganar.

Muitas distopias delatam o fim dos livros e da literatura, objeto de perseguição, por difundirem ideias subversivas e fomentar insurreições e desordens. O livro, numa sociedade autoritária, torna-se proscrito e objeto de implacável perseguição política, segundo a percepção e o engenho criativo de Ray Bradbury em Fahrenheit 451, em seu gênero, um autor canônico que assombrou os jovens de minha geração; uma geração, segundo o escritor Antônio Carlos Villaça, assoberbada pelos apelos mais absorventes.

Quando vemos autores medíocres bafejados pelo oportunismo e a militância de um regime que nivela tudo por baixo e reduz seu povo a mero dado estatístico tolerado enquanto detentor do voto que ‘legitima’ o que é duvidoso e espúrio: um regime de ódio, de perseguições incansáveis, torturas e assassinatos por negligencia das autoridades do regime que tomou a república de assalto com o concurso de urnas eletrônicas, maliciosamente viciadas, para dar vitória ao crime organizado.

Nenhuma distopia seria mais eficaz e surpreendente como a que, por habilidade de togados venais e corruptos, traidores da Constituição Federal, gestaram e deram vida sob a esmagadora derrota de um povo que se achava livre, em desfrute de sua cidadania, subitamente deposta por tiranos de ódio espesso e expansivo.

A literatura espelha essa miséria que nos aflige, a uns poucos que ainda enxergam um palmo além do nariz. A literatura, como a conhecíamos, sucumbiu aos maus tratos e à indiferença de uma horda de literatos funcionais, alguns deles privilegiados por cotas inclusivas, por serem negros, indígenas, cafuzos, MST, LGBTq etc. Vale tudo para sagrar-se ‘’escritor’’ na terra desolada da literatura progressista, um mostrengo que dispensa os leitores…

A literatura está morta. Mortíssima. E não foi Guy Montag quem a matou…