*Alexsandro Alves
Não é que o gênero esteja saturado. Não está.
O problema com As Marvels é a falta de comunicação do público do filme com o filme.
A produção custou US$ 280 milhões! E sua estreia mundial rendeu pouco mais de US$ 61 milhões!
É desastroso para um filme de super-herói. Sobretudo esses do Marvel Studios, habituados a bilheterias gigantescas.
Mas o que realmente ocorreu com As Marvels?
Vamos ser diretos. O público desse tipo de filme é essencialmente masculino. Sempre foi. Eu sou colecionador de quadrinhos desde os 12 anos, e nunca vi muita menina, moça ou mulher colecionadora. Super-herói sempre foi um ambiente notadamente masculino e continua sendo.
O mangá tem leitoras. Mas nos comics, essa parte do público é ínfima. Da mesma forma o público que lota sessões de filmes de super-heróis é essencialmente masculino.
E o que ocorre? O filme foi construído dentro de determinados paradigmas não habituais para o gênero. O fato de ter três mulheres protagonistas não é em si o problema. A questão é o tratamento ideológico dado às personagens. E também às atrizes, sobretudo Brie Larsson, que vive a Capitã Marvel.
Larsson comprou briga com o público masculino desses filmes, criticando-os abertamente e muitas vezes ridicularizando esse público, que, vale lembrar, é o público majoritário.
Pois é. Houve um boicote a esse filme! O que explica o fracasso dessa produção é uma de guerra dos sexos. Homens, que são o público majoritário, não foram ver um filme de uma atriz que critica esse público masculinizado.
Outro ponto importante é a estratégia esquisita da Disney. Ela pegou personagens secundárias e injetou um orçamento que mais parece que se tratava de um filme dos Vingadores!
No fim, a Disney provou que estava mesmo se enganando: a diretora saiu da produção assim que terminou as filmagens! Ou seja, não há um dedinho sequer do conceito original do filme, pois a diretora não participou da pós-produção. Quando saiu, ela ainda disse: “O que ocorrer de errado, culpem o Kevin Feige! Eu tô fora disso!”
A assinatura de fracasso também pode ser vista na duração medrosa do filme: 105 minutos! Sendo que esse tempo também inclui os créditos e as cenas pós crédito. Ou seja, o filme em si deve ter uns 95 minutos.
Ao que parece, essa política de inclusão que vem dominando as produções recentes da Disney, precisa saber onde pisa. É duro admitir isso, mas há terrenos em que certas sementes não brotam, porque simplesmente o que se quer que nasça é o oposto.
Filmes como Barbie, que tem protagonista feminina e ridiculariza abertamente elementos masculinos, foram sucessos estrondosos porque o público é outro, e houve diálogo entre espectador e proposta. Os machões espernearam, a igreja chorou, o exército se armou! Mas o filme se segurou em seu público e foi correspondido.
As Marvels não possui o mesmo público da Barbie. Seu público é uma galera menos diversificada e com um pensamento pré-definido que sempre quer reconhecer o objeto de sua devoção e não ver esse objeto modificado. É outro tipo de público e a Disney, soberba, paga o preço por não compreender isso.