*Alexsandro Alves
Para que uma premiação possa mostrar-se em toda a sua magnitude, duas coisas devem convergir: o alto valor de quem a concede e a alta importância de quem a recebe. Se um desses dois itens faltar, a premiação, bem como qualquer solenidade dela resultante, torna-se apenas política passageira.
A grandeza de um escritor é construída aos poucos, como os parágrafos de um grande livro.
Geralmente são indivíduos inquietos, não raras vezes polêmicos. Mas se é verdade que o gênio para o povo possa se mostrar exasperado ou impaciente, na privacidade do lar, é comum, que ele seja um ente cordado, bem-educado, polido com a mais esmerada forja e senhor de um espírito cuja têmpera é de uma solidez moral inabalável!
O Rio Grande do Norte tem a honra de homenagear um de seus pontífices literários: Franklin Jorge, o escritor de um estilo peculiar, único e inimitável.
Esse estilo, que marca a cultura potiguar e se desenvolveu em livros e artigos jornalísticos marcados tanto pela nobreza de espírito quanto pela sagacidade de um olhar de lobo, enobreceu a cultura do estado e agora essa cultura lhe retribui.
Dia 12 de dezembro de 2023, terça-feira, o literato potiguar Franklin Jorge, receberá a Medalha do Mérito Literário, em solenidade na Assembleia Legislativa do RN. O deputado estadual José Dias é o propositor. Também um homem que se destaca entre seus pares deputados por sua oratória vibrante e eloquente.
Se a medalha lhe é motivo de profundo orgulho, mas não orgulho de vaidade vã, mas orgulho por ter construído uma trajetória literária imperturbável, a cultura potiguar também lhe é grata, por ter esse seu filho, desde sempre, almejado o cultivo de tudo o que nas letras potiguares é bom, belo e virtuoso e através desse cultivo, aumentar a força dessa cultura. Franklin Jorge é um guerreiro de nossas letras.
Ganham quem concede e quem recebe. O ciclo se fecha com sua esperada lógica.
Abaixo, uma pequena biografia de Franklin Jorge.
Franklin Jorge, Ceará-Mirim, 1952, escritor e jornalista. Autodidata.
Prêmio de Literatura Luís da Câmara Cascudo, concedido pela Prefeitura Municipal de Natal em 1998, ano do Centenário do autor de Civilização e Cultura, por seu livro Ficções, Fricções, Africções;
Introdutor do conceito de New Journalism na Imprensa do Rio Grande do Norte, deixou sua marca nos principais jornais de nossa terra, como a Tribuna do Norte, onde começou suas atividades jornalísticas e, por último, em O Novo Jornal;
Criador da Oficina de Gravura Rossini Quintas Perez, em 1979, já extinta; da Pinacoteca do Estado em 1983, marcando assim sua passagem pela Chefia do Núcleo de Criatividade da Fundação José Augusto, entre os anos de 1979-1985; e do DN Revista, encarte semanal do Diário de Natal, considerada, no gênero, a melhor publicação do Jornalismo Potiguar;
Criou e coordenou, no Solar Bela Vista, uma oficina permanente de artes plásticas, com professores como Fernando Gurgel, Madé Weiner e Nubi Albuquerque.
Doador do Acervo Fundador da Pinacoteca, para valorizar os artistas, o fez em nome dos próprios artistas, segundo consta de Documento assinado pelo então Presidente da Fundação José Augusto, ex-deputado Valério Mesquita;
Fundador da revista digital Navegos, com quase 500 mil leitores desde sua fundação;
Autor de 50 livros inéditos, dentro os quais, Gente de Ouro, em 5 volumes, contendo suas conversas com o povo potiguar; Ensaios Mínimos; Pentimento; Palimpsestos; A Idade dos Nomes; Assu, Mitologia e Vivências; Red Dunnes; Lua Elétrica; Shakespeare de Bolso; Monteigne Portátil;
Publicou:
.Impróprio Para Menores de 18 Amores, em parceria com Leila Míccolis; Edições Limiar, 1976;
.Isso É Que É, Edições Clima, 1980;
.Poemas Diabólicos, Ministério da Educação e Cultura/Fundação José Augusto, 1982;
.O Spleen de Natal, 2ª edição, Edfurn, 2006;
.Ficções Fricções Africções, Prêmio Câmara Cascudo, 1998;
.O Ouro de Goiás, Instituto José Mendonça Telles, 2012;
.O Livro dos Afiguraves, Feedback, 2015
.O Verniz dos Mestres, Feedback, 2020.