*Alexsandro Alves
O maestro austríaco Herbert von Karajan nasceu no dia 5 de abril de 1908, em Salzburgo, mesma cidade de Mozart. Ao longo da carreira, foi diretor chefe de orquestras como a de Berlim e Viena; de teatros como a Ópera Estatal de Viena.
Seu estilo, amado por uns e odiado por outro tanto, apresentava uma forte ênfase no legato, o que tornou célebre as suas interpretações de Wagner e dos românticos tardios como Bruckner e Richard Strauss.
Karajan fazia a orquestra soar de forma luxuriante, sobretudo com a Filarmônica de Berlim, alcançou o ponto culminante da arte da regência do século XX. Suas gravações, mais de 900, entre áudio e vídeo, venderam milhões. Graças a elas conseguiu montar um estúdio próprio, o Telemondial.
E assim, conseguiu controlar à perfeição todas as suas gravações, que de tão perfeccionistas, algumas causam até espanto. Tanto pela qualidade do som quanto pela imagem. Falando em imagem, Karajan soube aproveitar a câmera para conseguir os mais belos ângulos de sua pessoa, sempre com olhos fechados, por vezes de perfil, cabelos muito bem penteados – coisas que passavam despercebidas para outros regentes – é que Karajan sabia ser midiático.
Ele soube como ninguém aliar gênio e propaganda. E vendeu muito.
A criação do CD foi pensada exatamente para uma mídia capaz de armazenar a Nona sinfonia, de Beethoven, regida por Karajan, em um só disco.
Mas era muito temperamental.
Quando o Festival de Bayreuth foi reaberto em 1951, Karajan desejou ser o único regente daquele primeiro ano. Porém Wieland Wagner convidou outros maestros e, insatisfeito, ficou no Festival Wagner até 1953 e nunca mais pisou em Bayreuth.
Ele gravou o repertório padrão quatro vezes seguidas. Por exemplo, ele tem quatro ciclos completos das nove sinfonias de Beethoven, um gravado na década de 50, outro na de 60, outro na de 70 e o último, na de 80. Gravou quatro Anel dos Nibelungos, de Wagner: em Bayreuth, nos anos de 1951, 1952 e 1953, e um último na década de 70, em estúdio. Quando morreu, estava planejando gravar um quinto Anel, desta vez em vídeo (VHS), que só conseguiu terminar e lançar o prólogo, O ouro do Reno, com a Filarmônica de Berlim, pela DG, capa abaixo do relançamento em DVD, posterior a sua morte:
Sua última gravação em CD foi da Sétima sinfonia, de Bruckner, com a Filarmônica de Viena, pela DG:
Seu último concerto ocorreu no Festival de Salzburgo, quando dirigiu Mozart e Wagner, em um concerto com o soprano estadunidense Jessie Norman, vídeo abaixo.
O vídeo começa com uma tomada panorâmica da propriedade dos Karajan, corta e mostra Karajan e sua esposa, Eliete, em um carro, indo para Salzburgo. Novo corte e estamos nas ruas de Salzburgo, lotadas para a apresentação de Karajan. Um indivíduo segura um bilhete com um pedido de ingresso para o concerto. Novo corte. Dentro do Festival. Karajan e Norman interpretam a Morte de Amor (Liebestod) de Tristan und Isolde. Foi a última música que o maestro regeu.