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Governo federal apoia o genocídio de animais

O ministro de Justiça André Mendonça desperta indignação e cólera, em decisão polêmica, ao condenar animais resgatados ao extermínio, provocando repúdio popular contra um governo que menospreza a vida de seres já vitimados pela ação humana. É considerado “terrivelmente evangélico” e subserviente ao presidente.

*Francisco Alexsandro Soares Alves

André Luiz de Almeida Mendonça, o novo ministro da Justiça, que substituiu Sérgio Moro após este fazer cara feia diante das investidas do Presidente JB para ter acesso às investigações contra o clã Bolsonaro, parece que segue a Lei do e daí?, a nova tendência de um governo descompromissado com a ordem pública e perdido na proteção à vida.

O sujeito em questão, o atual ministro da justiça, propõe que animais vítimas de maus tratos simplesmente sejam abatidos, conforme documento assinado pelo próprio e encaminhado para o Supremo Tribunal Federal.

Isto vai contra o que se faz no mundo hoje. A proteção à vida, a cada uma de suas espécies, é tema não apenas de ecologistas, mas da sociedade civil como um todo. As sociedades protetoras de animais, que nasceram na Europa do século XIX, em meio às denúncias de maus tratos aos animais usados em laboratório – e sobre o tema existe os famosos ensaios oitocentistas Die Folterkammern der Wissenschaft, As câmaras de torturas da ciência, de Ernst von Weber (1830-1902), advogado e escritor de viagens alemão e a Carta aberta a Ernst von Weber, de Richard Wagner (1813-1883), onde o esteta alemão abraça a causa da proteção animal defendida por seu compatriota, estão alarmadas com a possibilidade de que o sacrifício obrigatório de animais venha a ser uma realidade nefasta em um país assolado por uma política desequilibrada.

A desculpa, jamais podemos dizer justificativa, é de que estes animais seriam portadores de zoonoses. Mas como? E se fosse mesmo o caso, a única maneira de saber seria colocá-los em quarentena, e fazer os exames adequados. Porém, como tudo no gênero humano, a primeira opção é a violência e a morte dos mais fracos.

Nós não vivemos em estado de natureza. A cultura, a ética e moral são caminhos que marcam o que na espécie humana é chamado de marco civilizatório. E a proteção à vida hoje, não mais exclusiva de nossa espécie humana, é uma conquista da vida como um todo.

O documento também cita a Covid-19 e a relaciona com uma possível origem na vida silvestre. Aí há dois equívocos gritantes. Primeiro, não está confirmado pela academia que o vírus tem origem animal, muitos outros estudos apontam mesmo para uma criação artificial em laboratórios (e nesse caso, uns afirmam que a China criou o vírus, outros, que foi uma invenção militar dos EUA). Segundo equívoco, os animais como gatos e cães, a muito deixaram de ser silvestres. Além disso, o próprio gênero humano transmite muitas enfermidades a outros humanos, por isso deveríamos sacrificar também homens e mulheres?

A ciência hoje caminha para o respeito aos animais. Companhias de perfumes já não testam seus produtos em animais, laboratórios de universidades como Yale e Harvard usam materiais sintetizados em laboratório que imitam a pele humana, e mesmo no agronegócio cresce campanhas para que os animais abatidos sejam abatidos de forma digna e sem sofrimento.

Porém agora, nesse novo Brasil eleito, avesso a qualquer ciência e dominado pelo obscurantismo religioso, estamos regredindo a tal ponto, que nos deparamos com situações que de tão velhas, parecem piadas prontas e de mal gosto.

Mais uma vez este governo federal mostra insensibilidade com a vida. Em 2019 foi instituído o Dia do rodeio, e como se já não bastasse a imoralidade, exatamente no dia 4 de outubro que se comemora a data, a mesma data em que comemoramos o Dia dos animais e de seu protetor, São Francisco de Assis, o que provocou a ira de grupos católicos. Não é coincidência, é maldade mesmo. Maldade e perversa morbidez para com a vida. A falta de apreço pela vida, que beira à psicopatia no Governo Federal, também quer legalizar a caça à onça no país. Não é à toa que o atual presidente brasileiro, anunciou em alto e bom som em uma festa de rodeio, a de Barretos, onde se tem como tradição que ébrios pisoteiem animais cansados, em agosto passado: “Respeito todas as instituições, mas lealdade eu devo a vocês. O Brasil está acima de tudo. Neste momento em que muitos criticam a festa de peões e a vaquejada, quero dizer com muito orgulho que estou com vocês. Não existe politicamente correto. Existe o que precisa ser feito.”

A questão do politicamente correto sequer merece menção. Porque não se trata disso. Se trata de respeito à vida. Misturar assuntos para fugir do debate e da responsabilidade é técnica característica do atual Presidente da República e seus asseclas.