*Franklin Jorge
Em sua obra magna sobre as Origens do Totalitarismo, faz Hannah Arendt curiosa distinção entre o Totalitarismo e as demais formas de opressão política, como o despotismo, a tirania e a ditadura. Aí fica implícito que o totalitarismo seria a soma absoluta dos demais regimes de exceção que desprezam a vida e só consideram o poder em si mesmo.
O Totalitarismo pressupõe uma nova forma de governo – ideológico e aterrorizante – que supera o horror e a loucura. algo que está aacima da compreensão humana, porque destituído de quaisquer resquícios de racionalidade, embora seja em si mesmo racional, ao urdir suas formas de ação. Ela ainda acreditava que o Totalitarismo havia de assumir, no curso da história, após o antissemitismo e o imperialismo, novas formas aterrorizantes ainda mais terrificantes, como a guerra biológica que a China promove para apoderar-se do mundo civilizado. Parece que o Totalitarismo constitui uma tentação irresistível aos que amam e desejam o poder absoluto a qualquer preço. Segundo a definição, totalitarismo compreende uma forma de tirania, um governo arbitrário sem o freio das leis, de que são exemplos, geograficamente próximos, países como a Venezuela e Cuba, que não hesitaram em destruir seu próprio povo.
Seu livro, de leitura inestimável e engrandecido por percepções que nos fazem pensar no presente, como se ela o tivesse escrito pensando no futuro que viria, vale uma biblioteca inteira e nos leva por caminhos que tememos trilhar, tamanha a contundência e a argúcia com que nos apresenta uma realidade da qual, parece-me, não podemos mais escapar senão através de uma grande resistência organizada, algo que me parece inconcebível em nossa época.
Sua leitura, a leitura de seus pensamentos, faz-se necessária e urgente porque não tergiversa: vai direto ao ponto, sem condescendência. Como se nos dissesse: as coisas estão aí, postas; resta-nos enfrenta-las ou ignora-las. E, qualquer uma dessas escolhas terá graves consequências sobretudo para as futuras gerações.
