*Franklin Jorge
Iberto viu a luz há 73 anos. Professor aposentado, descobriu-se artista há uns dez anos, quase acidentalmente, como gosta de dizer.
Foi assim: anos atrás, na Facex, havia um setor de extensão chamado Faculdade da Melhor Idade, que oferecia cursos diversos para idosos. Fui lá com o intuito de fazer Informática, quando me deparei com uma sala cheia de pessoas idade pintando telas. Fiquei admirado com tanta beleza… Me aproximei da turma. Observei e depois fui falar com a professora e, no outro dia, já estava sentado entre eles…
Duas pessoas incentivaram Iberto a continuar pintando. Rosi Guedes e Mara Pucci. A primeira, professora de Artes na FACEX, cobria minhas pinturas de elogios, embora eu soubesse que não tinha nenhuma arte naquilo que fazia: “você não pode desistir, tente novamente, você tem muito talento “, dizia ela para eu não desistir. A segunda, Mara, conheci no IFRN, num curso que ainda hoje existe para todas as idades. Como a primeira, enchia de elogios os meus trabalhos. No final do curso me escolheu para fazer uma exposição individual. Isto me encheu de orgulho e vontade de me aprofundar nessa arte.
A palavra APOSENTADO é um prêmio para quem passou um período de sua vida na labuta, afirma Iberto debruçado sobre a tela. Só que, com o passar do tempo, você vai descobrindo um vazio…”tá faltando alguma coisa para preencher esse tempo”. Como já tinha uma certa habilidade com as tintas, mas de forma totalmente autodidata, resolvi fazer um curso com esse fim. Enfim, o desejo de preencher esse novo tempo ocioso da vida com o velho desejo de pintar um quadro, despertou-me para essa nova ocupação.
Que lições tem aprendido com a vida, pergunto-lhe. Ah, a vida! Quão bela ela pode ser quando você a preenche com coisas que realmente gosta de fazer. Minha profissão foi a de professor, e me sentia realizado quando passava ensinamentos para meus alunos. Agora estou só pintando e novamente me sentindo realizado com o que estou fazendo, a ponto de ter como slogan a frase de um amigo, verdadeiro artista plástico, Vicente Vitoriano, como novo lema de vida: “nenhum dia sem dar uma pincelada “. Realmente, quando não acontece isso, fica faltando alguma coisa no meu ser!
Sempre fui um ser pacato. Sou da turma do bem! Olho pra trás desses 73 anos de vida e não me lembro de ter deixado nenhum inimigo pelo caminho. O motivo é muito simples: política, religião e futebol. Nunca discuti nenhum dos três. Cada um tem seu candidato predileto, cada um acredita no seu Deus, cada um torce pelo seu time do coração. Quem pode mudar isso? Só você mesmo. Com isso você evita muito estresse e vive muito bem, obrigado!