• search
  • Entrar — Criar Conta
“Rejeito os brasileiros que desprezam seu país. Talvez esse sentimento avulte em mim por ser conservador ou por ter bebido água limpa nas fontes em que me abasteci, ou ainda por ter convivido sempre com pessoas que amam o Brasil e não pisoteiam nem queimam nossa bandeira”

*Percival Puggina

[email protected]

 

 

Rejeito os brasileiros que desprezam seu país. Talvez esse sentimento avulte em mim por ser conservador ou por ter bebido água limpa nas fontes em que me abasteci, ou ainda por ter convivido sempre com pessoas que amam o Brasil e não pisoteiam nem queimam nossa bandeira. O identitarismo sempre me pareceu vigarice ideológica pensada para dividir a sociedade num fracionamento que consome a nação. Por igual motivo, sou contra os separatismos. Sobre eles, certa ocasião, ouvi de meu mestre, o constitucionalista Prof. César Saldanha Souza Júnior: “É só o que falta para essa geração infiel: acabar com o Brasil.”

Não obstante, vejo atividades corrosivas sendo conduzidas no mar da Cultura, aquele onde navega ou perde o navio da Política segundo a imagem de Olavo de Carvalho.

Assim como o Hamas se infiltrou nas comunidades palestinas e nela se desenvolveu como um câncer terrorista, assim também os agentes da guerra cultural se infiltraram organicamente na sociedade brasileira. Controlam os meios culturais cujo declínio é evidente. Meus anos de vida me coagiram a testemunhar o consequente suplício da bondade, da beleza, da justiça e da verdade. Vi número crescente de brasileiros se tornar vítima passiva de uma intolerante guerra movida contra seus princípios e seus valores, mutilando sua esperança. Assisti muitos atos acadêmicos de formatura e o que vejo é cada vez mais desolador.

A ignorância produzida, infiltrada nos espaços que deveriam difundir o conhecimento, derruba as projeções do crescimento econômico. A maior riqueza de um país é seu povo, como nos ensinam os coreanos do sul. Em 1980, o PIB per capita da Coreia do Sul era igual ao do Brasil; passadas quatro décadas, esse valor é 3,5 vezes superior ao nosso. E a Coreia não achou petróleo, nem ouro, nem descobriu novas fronteiras agrícolas. Os coreanos usaram a Educação para o bem dos coreanos e o país enriqueceu!

Estas considerações que já se alongam me veem do vaidoso anúncio feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, falando ao jornal Metrópoles: “Estamos muito confiantes de que é um ministério que veio para ficar. Tanto que a gente fala que o nosso ministério é considerado o ministério internacional por toda a amplitude e por todo esse trabalho que os povos indígenas fazem, não só para nós, mas para o Brasil e para o mundo”.

Segundo ela, seu ministério trabalha com organizações não governamentais (ONGs), tem audiências com embaixadas, cumpre missões internacionais. Tal movimentação levou o senador Márcio Bittar, relator da CPI das ONGs, a apresentar requerimento para ouvi-la sobre lobby que teria feito para atrair pressões externas sobre a questão do marco temporal.

Surge então a interrogação: e se o empenho para revogação do marco temporal for uma ação infiltrada, induzida, a serviço da internacionalização da Amazônia, tão desejada por diversos governos e organizações ambientalistas? Um ministério como o dos povos indígenas deveria ter entre suas prioridades a Amazônia Brasileira sob absoluta soberania nacional.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.