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Jornalismo e partidos totalitários em democracias representativas

Fundador de Navegos relembra um passado recente e associa o presente ao fim do Renascimento, que se assemelham em corrupção, totalitarismo e violência, ao mesmo tempo em que evoca sua última experiência como jornalista no diário fundado por Cassiano Arruda Câmara, autor do mais audacioso projeto jornalístico qfaz parte da nossa história.

*Franklin Jorge

Prisioneiros de um futuro incerto e obscuro, sentimo-nos todos, de alguma forma, despojados da esperança. Como se o que Dante escreveu à entrada do Inferno – “Deixai aqui, ao entrar, toda a esperança” – ele o fizesse, em particular, para cada um de nós que atravessamos a passos trôpegos o Vale das Sombras da Morte.

De fato, jamais a humanidade esteve tão insegura quando o que a aguarda em um mundo já dominado por minorias totalitárias. Não nos surpreende que um mundo desses tenha inspirado ao jurista José Antonio Giusti Tavares o seu precioso ensaio sobre Partidos totalitários em democracias representativas. Que ele produziu, então,  especialmente, para prestigiar o espaço que eu então assinava, aos domingos, em O Novo Jornal, o último grande empreendimento jornalístico levado a efeito no Rio Grande do Norte, graças à bravura e ao idealismo do professor Cassiano Arruda Câmara e, como tal, por sua grandeza, fadado a glorioso fracasso.

Vivemos atualmente um dos momentos mais complexos da história da humanidade. Algo semelhante ao que ocorreu em Florença, no fim do Renascimento, quando a corrupção e a violência passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. Tudo o que nos parece atual ocorria no fim do glorioso domínio dos Médicis, quando pequenos grupos sequestravam pessoas não tão ricas nem eminentes, por algumas horas, em troca de um resgate geralmente insignificante. escudado em porretes e armas brancas invadiam as residências burguesas, assaltavam à procura de comida e de objetos de fácil comercialização, porque aquele mundo estava chegando ao seu fim, como agora.

Lamento não ter publicado o ensaio de Giusti, por ser demasiado extenso para o espaço de minha coluna dominicaL, nem me ocorreu, então, secciona-lo e publica-lo em dois ou três edições seguidas, como viria a fazer aqui em Navegos, recentemente, em duas partes, três anos depois da morte do autor, um dos nossos mais respeitados juristas; um jurista que era também um humanista digno de todo reconhecimento.

Pretendia ser o primeiro de uma série com que ele pretendia presentear-me, para que eu fizesse deles o uso que me apetecesse, publicando-os em Feedback, talvez, o selo Editorial que eu criara com o intuito de publicar meus livros e os de alguns amigos, como o fiz com Manual e Teoria do Direito Eleitoral, do Procurador Federal Regional da República, já então aposentado e com três títulos do Procurador Federal da República Marcelo Alves Dias, entre outros autores reconhecidos como autoridades jurídicas. Agora, salvo em Navegos, a primeira parte do ensaio de José Antonio Tavares Giusti pode ser lido em sua íntegra e por alguns interpretados como um libelo contra o PT, partido de trabalhadores ávido de poder, de riquezas e mando e que financiou suas próprias milícias, tais como as florentinas, armadas de apavorantes armas brancas, como facões, enxadas e marretas. lembro-me do pavor que sentíamos a nos deparar com esses grupos margeando as estradas e rodovias. Em Natal acampavam à noite em Petrópolis, em frente a instituição governamental que lhes dava legitimidade e apoio.

Em destaque, o MST, uma das milicias armadas do PT. Acima, ainda a apavorante fracção intimidatória.