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José Jannini e Cia.

Colaborador de Navegos dá cotinudade à pesquisa e revela o musicólogo e compositor desconhecido que começou sua vida como jogador de futebol em Natal e, mudando para o Rio, tornou-se ator, compositor e humorista.

*José Vanilson Julião

Depois da exclusividade das atividades no futebol, escotismo, a boemia e a familia do italo-potiguar Jose Jannni a pesquisa levanta parte do repertorio durante o auge da carreira artistica, entre 1929/31, no Rio.

São encontradas nove composições: três solitárias e seis parcerias, destas apenas uma com uma mulher (veja a lista). Do total é interprete em cinco (as três de autoria solo e duas parcerias).

Numa época em que havia cinco emissoras no Rio (Sociedade e Educadora), além da Mayrink Veiga, ele também se apresenta na Rádio Philips (1931), surgida um ano antes e fechada em 1936.

A parceria feminina é com a escritora Lilinha Fernandes, pseudônimo de Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva (Rio de Janeiro, 24/8/1891 – 8/6/1981), apelidada de Rainha das Trovas.

Ela colabora nas revistas O Malho, Revista Souza Cruz, Beira-Mar, Jornal das Moças, Vida Capichava  e A Gazeta. Livros: “Flores Agrestes” (1952), “Contas Perdidas” (1953) e “Appoggiaturas” (1954). Sequencialmente sonetos, trovas e “sonetilhas”.

O parceiros e maestro paulista Eduardo Souto (São Vicente, 14/4/1882 – Rio de Janeiro, 18/8/1942), é descendente de família tradicional.  O pai, Gulherme, foi secretário de uma sociedade carnavalesca em Santos. Na metrópole inicia estudo musical aos 11. Aos 14 compõe a valsa “Amorosa”. Em 1902 abandona os estudos na Escola Politécnica para trabalhar no Banco Francês.

Apresenta-se ao público quatro anos depois como regente do grupo amador Éden Club (Niterói). Em 1917 deixa o emprego bancário para dirigir uma casa de música na Rua do Ouvidor. Pai do pianista Nelson e avô do músico Eduardo Souto Netto. Desiludido com a atividade artística retorna como contador no Banco do Comércio. Em 1940 sofre uma doença nervosa e posteriormente falece em casa de saúde.

O outro, José Gonçalves (Rio de Janeiro, 6/01/1908 –10/10/1954), o Zé da Zilda, do subúrbio de Campo Grande, filho de músico, aos cinco anos começa no cavaquinho com o pai, passando ao violão.

Antes de tornar-se cantor e compositor trabalha como bombeiro-hidráulico. Morou no morro da Mangueira na infância. Integra a ala de compositores da Mangueira em parceria com Cartola e Carlos Cachaça.

Integrou a Companhia Teatral Casa de Caboclo, do bailarino Duque, cantando emboladas e sambas. Ficou conhecido pelo nome artístico de Zé Com Fome, pelo personagem que interpreta. Convidado por Duque para a Rádio Educadora, forma dupla com Claudionor Cruz, que assinava Pente Fino.

Mais tarde, como chefe de um regional e programa próprio, na Rádio Transmissora, conhece a cantora Zilda Gonçalves e forma a Dupla da Harmonia. Em 1936, o samba “Não Quero Mais” (José Gonçalves e Carlos Cachaça), foi cantado com pela Estação Primeira de Mangueira e gravado na RCA Victor por Aracy de Almeida.

Ricardo Cravo Albin não relaciona parceria dele na coletânea das letras com o norte-rio-grandense. Falece em conseqüência de derrame cerebral.

 

DISCOGRAFIA

Título/Autoria/interprete/Acompanhamento/Ano

1 – As minhas posses (José Janini e José Gonçalves) – Janini – violão e piano (1929)

2 – Atraca Atraca (José Janini) – Janini – violão e piano (1929) Gravação Parlophon: 1929

3 – Minha Famia (José Janini) – Janini – Desafiadores do Norte (1930)

4 – Quando eu nasci (José Janini) – Janini – Desafiadores do Norte (1930)

5 – Mentiras (José Janini – Lilinha Fernandes) – Breno Ferreira – Choro e coro (1930)

6 – Triangulo do Norte (João Miranda) – Janini – Desafiadores do Norte (1930)

7 – Psiu meu bem (José Ferreira Lixa e José Janini) – Sílvio Caldas

8 – É no toco da goiaba (Jose Janini/Eduardo Souto) – Francisco Alves/Araci Cortez/Orquestra Pan Americana

9 – Seu Laranja – Jannini e José Ferreira Lixa – Leonel Faria – Simão e Orquestra Columbia (1931)

 

Nota do redator: Após o editor do site pautar letras, músicas e parceiros (somente de um não é encontrado dados biográficos), entre a publicação do artigo anterior e a conclusão deste, encontra-se outros pormenores envolvendo familiares do personagem. O Diario Oficial da União publica o Decreto 21/076 (24/2/1932) que naturaliza Vicente Janini (23/3/1889).

O antigo jornal “Nortista” com 15 anos de existência, tendo como redator-chefe o bacharel Augusto Leopoldo Raposo da Câmara e redator-secretário Vital Cavalcanti, com sede na Rua Ulisses Caldas, agora “Diário do Natal” (quinta-feira, 4/10/1906), fundado pelo coronel Elias Souto, trás na “Coluna Livre”, “sem responsabilidade da redação”, abaixo assinado (23/9) em favor do fiscal da prefeitura:

Horácio Candido de Sales, Henrique José de Oliveira, Luiz de F. Ferreira Thaumaturgo, João Narciso Ferreira, Braz Jannini, João Baptista de Oliveira, José Paulino Barbalho, Francisco de Goes, Augusto Alves de Oliveira, Tarquino Bezerra Feitosa, Antonio A. Oliveira Zeca, Alfredo Arthur de Oliveira Zeca, Nicolau Jannini, Lodolpho Alves de Menezes, Lúcio VIterbino Gomes Carneiro, Pedro Paulo Pessoa e Coriolano Candido de Menezes.

Diz a nota: – Vimos protestar pelo alto da imprensa, a bem da verdade e do direito, destruir os falsos boatos que sobre calúnia surgida por espíritos pequeninos, que procuram manchar a dignidade e a honra do major Raimundo Filgueira e Silva…

O pai, Braz, aaparece em trabalho academico, que relaciona conflito em torno do pagamento de imóvel. Além de incluí-lo no aforamento de 34 terrenos no expansionismo urbano de Natal.

O irmão Nicolau aparece como secretário, em nota de jornal (A REPÚBLICA, 1/7/1907), em expediente da Maçonaria datado de 11 de junho.

 

FONTES

Dicionário Ricardo Cravo Albim da MPB

Instituto Moreira Salles (Discografia Brasileira)

Instituto Memória Musical Brasileira

Recanto das Letras (Billy Brasil)