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Koió, o animador de carnavais

Colaborador de Navegos evoca uma personagem emblemática de sua terra natal, Ribeira do Pombal.

*Reynivaldo Brito

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Quando alguém pensa em carnaval e nas festas juninas em Ribeira do Pombal das últimas décadas   vem logo à tona o nome de Koió o verdadeiro   animador dos carnavais e do São João, além de   jogador de futebol. Chama-se   Antônio José   Borges da Silva, nascido em 27 de   agosto de 1957, tem 64 anos de idade, filho de Evandro Silva e d. Raimunda Borges. Pai de três   filhos Itana   Francisca, Evandro e Indira Borges   da Silva, tem   ainda três irmãos José Evandro, Maria Eunice e   Maria Lutegardes Borges da Silva.   É casado com   Tereza Cristiana Almeida Barbosa, há   35 anos, com   quem tem dois filhos. Antes do   casamento nasceu a filha Itana Francisca.  Lembra   ter “brincado muito durante a sua infância e também de ajudar seu pai vendendo na padaria, que tinha na então Avenida Santa Cruz, hoje Avenida Evência Brito. Íamos para roça juntos. Meu pai além da padaria possuía uma fazenda no Bodó, outra pequena nas Barreiras e um brejo.”

Foi trabalhar na Ematerba através José Borges Ribeiro, que era o Gerente Regional, e isto aconteceu por indicação de seu amigo Rogaciano Brito, já falecido. Depois fez o concurso do Baneb, sendo aprovado e tomou posse em 1980. Quando o Baneb foi vendido ao Bradesco lhe chamaram e mandaram escolher entre ir para as cidades de Pedro Alexandre ou Macururé, foi aí que escolheu Pedro Alexandre, por ser mais perto, onde foi ser gerente. Disse ter sido vítima de vários assaltos, e que a cidade de Pedro Alexandre sempre foi alvo constante dos assaltantes.

“Lembro que vinha na estrada voltando para a agência em Pedro Alexandre depois de pegar um dinheiro em Jeremoabo. Notamos que no retorno tinha um carro parado num restaurante no entroncamento da cidade de Jeremoabo. Aí logo depois o motorista percebeu que estávamos sendo seguidos e quando entramos na estrada de barro depois de uns dez quilômetros vinha este carro atrás da gente numa velocidade incrível. Ele passou pelo nosso carro e parou na frente uns cinquenta metros e um dos bandidos já desceu com uma arma na mão. Aí o motorista deu um cavalo de pau e voltamos para Jeremoabo. Nos livramos deles. Porém, um mês depois voltaram e assaltaram a agência, dando tiros para todo lado e um cliente foi assassinado dentro da agência. Levaram na época R$39 mil e poucos reais.”

Após o assalto em Pedro Alexandre o transferiram   para a cidade de Casa Nova, na região do alto São   Francisco. Era uma agência melhor, foi uma espécie   de promoção. Até que gostou da Cidade, mas surgiu   a oportunidade de comprar a lotérica, por isto   retornou para Ribeira do Pombal. Isto aconteceu em   2004, e hoje temos sete colaboradores.  “Levei mais   de 30 anos no banco. Quando meu cunhado João   Moraes anunciou que ia vender a sua Casa Lotérica, combinei com ele que ia pedir demissão para poder   comprar.”, diz Antônio Borges, o Koió.

“Mesmo assim não me livrei dos assaltos. Já fomos   assaltados três vezes. Um dia estava abrindo a Casa   Lotérica mais cedo para adiantar o pagamento das   pessoas que vinham receber o Bolsa Família, quando fui assaltado por dois marginais. Um estava na fila e o outro na porta. Tinha pouca gente neste dia. O cara foi para o guichê e apontou a arma para mim mandando que abrisse porta para ele ter acesso ao interior onde ficam os caixas.  Ele ficou nervoso e deu pontapés na porta e eu gritava. Calma rapaz, estou procurando a chave. Mas, estava era ligando para o 190, infelizmente não me atenderem. Abri e ele levou tudo que tinha. Graças a Deus estava dentro do limite e o seguro cobriu. Perdi só a franquia.”, confessa o Koió.

Ele recorda de outra vez quando ia conduzindo um malote e o assaltante o seguiu. Ao chegar em frente da Loja Honda o cara botou o revólver no seu rosto e tomou o malote.  Outra vez, o bandido entrou por uma pequena janela, da sua Casa Lotérica, cortou a fiação dos alarmes e das câmeras, aí pulou. Chegou a se cortar, e com um pé de cabra abriu o cofre e levou todo o dinheiro, também estava dentro do limite.

Koió na realidade é um bon vivant, um animador de festas por natureza. Sempre gostou de jogar futebol, de brincar o carnaval, e das festas juninas. Confessa que gostava muito de jogar futebol, e através da bola conseguiu um emprego em Estância, no Estado de Sergipe. O Santa Cruz era um time de lá. Foi trabalhar na Sogipe, empresa que era do mesmo dono do Santa Cruz. O salário era apenas da loja, não recebia nada do time. Era um time do Acesso e terminou relaxando não indo aos treinamentos até desistir. Também, jogou na Seleção de Ribeira do Pombal, quando chegaram a disputar até o Intermunicipal, mas foram eliminados. Nunca quis ser presidente de time nenhum. Sempre ajudou a Liga Municipal e outros times, mas nunca quis tomar a frente, e é um torcedor fervoroso do Bahia, também conhecido por Sardinha.

Para brincar os carnavais criou o Bloco Os Amigos do Mané. Surgiu de um grupo de amigos que se reunia para tomar umas cervejinhas no Bar do Mané. Certo dia eu, Deraldo, Besouro, Renato Souza e outras pessoas resolvemos fazer um bloco de carnaval. Isto aconteceu em 1975 e começamos a sair com uma charanga nosssa mesmo com percussão e sopro. Foi crescendo aí contratamos o Carrinho da

Pitu, que sempre vinha para as festas de 15 de outubro. Contratamos este carrinho durante três anos seguidos. O bloco foi crescendo a cada ano e passamos a contratar trios elétricos. Entre os trios contratados lembro do Valneijós e Jóia, tínhamos o patrocínio da Pombal Motor, de Wilson Brito, e os donos desses trios pegaram muita amizade com a gente. Só não participamos de duas Micaretas promovidas pelo então prefeito Dadá, acho que foi nos anos de 2002 e 2003″, recorda Koió.

Também para as festas do São João o animado Koió criou um grupo Os Amantes do Forró. Era também um grupo pequeno. “A gente estipulava o número de pessoas e aí quando outra queria entrar, tinha que vir no lugar da que tinha saído. Não queríamos aumentar o número.  Primeiro saíamos em cima do caminhão de Daniel. Usávamos a minha casa, a de Pedoca, a de Junior Cabeção para a festa. A gente começava bebendo por volta de 3 horas da manhã. O café era em minha casa, a merenda na casa de Pedoca e o almoço na casa de Júnior Cabeção. No bar de Zé da Floresta iniciávamos com a bebida para animar a rapaziada.  Depois o pessoal começou a querer ganhar dinheiro com Os Amantes do Forró e aí complicou a coisa. Cresceu demais e vieram os problemas. O que eu gosto mesmo é da alegria, da festa. Soube que o Zé da Floresta depois desta pandemia quer reativar Os Amantes do Forró.”

Foi também um dos fundadores do Clube Visgueira. Onde tem folia lá está o nosso personagem distribuindo a sua alegria. A gente batia uma baba eu, Nazareno e uma turma e depois ia tomar umas cachaças no Bar de Bebequé. A cachaça era uma mistura que Bebequé fazia e tinha o nome de Visgueira. Este nome Visgueira era porque a cachaça era boa e a turma sempre voltava para beber. Um dia alguém surgiu com a ideia vamos fundar um clube. Vamos!  Todos concordaram. Naquela época tinha esta amizade e se alguém dissesse vamos arrecadar uma grana para fundar um clube todos se dispunham a colaborar. Em pouco tempo a gente conseguia o dinheiro. Foi assim que conseguimos criar o Visgueira. Sou sócio patrimonial remido. Não gosto de participar de diretoria. Fui diretor algumas vezes de Esportes, Social, e fui vice quando Waltinho da Cascata foi escolhido e disse que só assumia a presidência se eu fosse ser o vice. E assim fui. Tive problema de saúde e fui me tratar em Aracaju, aí ele ficou sozinho,”diz Koió.

O comerciante e animador José Alberto César, o Zé da Floresta, de 79 anos, é um amigo de fé de Koió. “Fundamos o Visgueira, também dos Amigos do Forró. Ele chamava as bandas e tinha muita credibilidade com o pessoal das bandas. Lembro que a Los Guaranis veio sem contrato, sem nada só com a palavra dele para se apresentar no Visgueira. Koió trouxe muitas atrações para se apresentar no Visgueira, quando era um Diretor Social. Era muito ativo. Ficamos uns quatro anos eu como presidente e ele Diretor Social. Foi uma época boa e de muitas festas no clube “.

“Nos Amantes do Forró eram uns duzentos integrantes e ele fazia comida para quatrocentas pessoas. Sobrava muita comida e o povo ia para bagunçar. Fomos obrigados a cortar o almoço. O Júnior Cabeção também mandava fazer muita comida, que sobrava. Eu fazia também, mas todo mundo comia, porém, não ficava sobrando. Tinha o cuidado de controlar para evitar bagunça de gente de fora. O Koió é uma pessoa que ajuda os amigos quando estão em dificuldade. Quem não gostar de Koió não gosta de ninguém. Não se mete muito em política, vota mais não fica enchendo o saco de ninguém”, conclui Zé da Floresta.

Já o José Alberto Rodrigues Santana, de 66 anos, conhecido por Albertinho, é outro amigo de Koió. Ele é eletricista e considera que “o Koió é o melhor cara do mundo. Se precisar dele pode contar que vai lhe ajudar. É muito animado e brincalhão e somos amigos desde criança.  Eu era goleiro nos times e ele jogava no centro. Se precisar de um remédio, de uma luz para pagar ele ajuda. Assina rifas, tudo ele está tentando ajudar. Fui padrinho de casamento dele, somos primos e ele batizou meu filho mais velho, o Tiago.”

O que aparece sentado, é o Enchente, batizado Antônio Carlos Rodrigues de Almeida, que corrobora a bondade de Koió que ajuda menino, véio, preto, branco. Era um bom jogador, um cabeça de área de primeira”. O Antônio Silveira Bitencourt, 73 anos, conhecido por Totonho da Borracharia também repete quase as mesmas palavras sobre a figura do Koió.

NR- Mais um texto em parceria com Hamilton Rodrigues que publicamos, agora sobre este personagem ímpar que é um ex-bancário, comerciante e um animador espontâneo do carnaval e das festas juninas em Ribeira do Pombal. Tem uma extensa rede de amizades e sempre procura atender àqueles que o procuram por alguma necessidade.