*Alexsandro Alves
É mesmo um assunto sério e poucas vezes analisado em sua profundidade.
O cânone Leck mich am Arsch, KV 231, de Mozart, trata exatamente desse assunto.
Sua tradução é Lamba meu cu.
Sob esse tema tão inesperado, o compositor compôs um cânone, forma musical em que uma voz inicia a melodia e outras vozes a seguem exatamente na mesma melodia, geralmente na primeira ou em oitavas, alterando também o seu tempo.
O que causa estranheza é a letra desse cânone:
Leck mich im Arsch!
Lamba meu cu!
Laßt uns froh sein!
Vamos ser felizes!
Murren ist vergebens!
Não adianta reclamar!
Knurren, Brummen ist vergebens,
Não adianta reclamar, protestar,
ist das wahre Kreuz des Lebens,
é a verdadeira cruz da vida,
das Brummen ist vergebens,
então não adianta reclamar,
Knurren, Brummen ist vergebens, vergebens!
Não adianta reclamar, protestar, não adianta!
Drum laßt uns froh und fröhlich, froh sein!
Então vamos ser alegres e felizes, felizes!
Não é um mimo de letra? Diria mesmo que antecipou Valeska Popuzuda.
Claro que os bem educadinhos dirão: “Isso era comum na época!”.
Por que dizem isso? Querem retirar Mozart do moído?
Se na época de Mozart o cu “era comum na época”, imagine hoje?
Então por que hoje esses mesmos torcem os narizes quando se fala de cu?
Eu não consigo entender os reais motivos que movem essas pessoas, é como se os grandes mestres não fossem pessoas comuns e, pior, precisassem de terceiros para os explicar em conformidade com os padrões.
A única explicação é essa: Mozart amava um bumbum e compôs um cânone em homenagem ao cunete. É o Cânone do cunete!
E é tão suave!
Quem pede são as vozes masculinas! A subversão é ainda maior assim. São os homens que estão na posição “que Napoleão perdeu a guerra”, esperando e implorando pela lambida indecorosa naquele lugar de interdição. E a medida que avançam em seu desejo, suas vozes ganham novas alturas, ficam mais agudas e contemplativas. Estão em delírio. Mozart sabia por experiência própria, tinha conhecimento de causa! No último compasso estão todos extasiados cantando: Asch (cu).
Há uma outra versão desse cânone Leck mir den Arsch fein recht schön sauber, ou seja, “Lamba meu cu muito bem e limpe-o”, o que sugere que o dito em questão também estava sujo. Mas pesquisas atuais comprovam que este cânone fecal não é de Mozart, é sim, de Wenzel Trnka. Eles gostavam de cantar essas músicas cheias de palavrões entre amigos, enquanto frequentavam os bordeis de Viena.
A viúva de Mozart, Constanze, quando foi publicar os cânones, disse para o editor que podia modificar a letra e assim, o Cânone do cunete foi publicado aleijado, sem o cu. Ah, mas isso era porque “isso era comum na época”…
As edições atuais, assim como as apresentações em concerto, reCUperaram a verdade!
Abaixo, um vídeo com essa música que, partindo de baixo, nos leva às alturas!