• search
  • Entrar — Criar Conta

Letras jurídicas, uma mera formalidade

Quanto mais provinciana a cultura, mais academias e sodalícios disso e daquilo. Pois, onde falta o mérito, sobra a vaidade e a ostentação.

*Franklin Jorge

[email protected]

O RN já tem a sua Academia de Letras Jurídicas, mas a ambição e a vaidade de titulados não tem limites. Querem por querem ser reconhecidos como escritores, escrevam ou não, de que é exemplo notório o doutor Diógenes da Cunha Lima, pseudo autor de mais de 30 livros dos quais suponho que apenas um – o primeiro por ele publicado, quando ainda estudante e sem dinheiro – seja de sua exclusiva lavra. Refiro-me a Lua quatro vezes sol, que enfeixa sua concepção de surrealismo e contém, em um de seus versos malamanhados, um menino comedor de corações de rouxinóis que cavalgava um burro mongol ajaezado duma vaidade ostentosa.

Muitas são as nulidades que ocupam e enfeitam essa Academia, que a rigor é uma excrescência, como a de Letras Literárias, há anos sob o domínio de Dr. Diógenes que nada seria sem os seus ghost-whriters e, sobretudo, sem o cadáver do grande escritor Luís da Câmara Cascudo, leitmotiv duma série de compilações ditadas pelo infausto desejo de fazer-se notar dentre os seus comprovincianos. Uma verdadeira patologia a ser devidamente estudada.

Para começo de conversa, em matéria de juristas, temos um ou outro, como Seabra Fagundes, já falecido, e o professor Edilson Alves de França, que sabe escrever e sabe o que diz com a autoridade que lhe confere o notório saber jurídico.

Seres vazios e inconsistentes que perseguem a fama e a notoriedade a qualquer preço, cobrindo-se de ouropéis e ouro de tolo, em seus Pensamentos Pascal consignou a vaidade como algo sem valor que atrai a admiração pela semelhança com as coisas cujos originais não são admirados. Algo ilusório como os manjares do inferno.