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Macron, a nova cara do mal

Colaborador do Institute Gatestone, o Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa e especialistaem questões que envolve cultura e política. Aqui ele revela o pior do Presidente Francês Emanuel Macron, declarado inimigo do Brasil e do povo brasileiro.

*Guy Millière

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Charles de Gaulle se recusava em falar sobre o sem número de franceses que colaboraram com as autoridades de ocupação da Alemanha. Ele também se recusava em comemorar o Dia D. Ele chegou a ponto de afirmar que os desembarques na Normandia “não foram o início da libertação da França” e sim “o ponto de partida de uma articulação americana para colonizar a França”.

O presidente Emmanuel Macron foi um passo além, adiantando que a França e a Alemanha deveriam criar um exército europeu para “se protegerem da Rússia, China e até mesmo dos Estados Unidos”.

A França também deu apoio à OLP na época que a organização era abertamente um movimento terrorista, clamorosamente dedicada à destruição de Israel e ao assassinato de judeus… Macron continua trilhando a mesma política de seus antecessores. Ele nunca perde a oportunidade de convidar o atual líder palestino Mahmoud Abbas ao Palácio do Eliseu e jamais esquece de beijá-lo.

O presidente Donald Trump agora já conhece Macron. Trump, sem a menor sombra de dúvida, lembra que durante a visita de Macron a Washington, 14 meses atrás, Macron parecera amistoso em relação a ele, mas quando foi ao Congresso, usou todo o seu discurso para denegrir as importantes iniciativas da Administração Trump.

6 de junho de 2019. Normandia, França. Os restos mortais de 9.387 militares americanos estão enterrados no Cemitério e Memorial Americano da Normandia; 9.238 cruzes latinas para os cristãos e 149 estrelas de Davi para os judeus estão enfileiradas no declive com vista para a Praia de Omaha, um dos cinco setores da costa da Normandia, onde 132 mil soldados das forças aliadas do Ocidente desembarcaram em 6 de junho de 1944. O presidente dos EUA, Donald J. Trump proferiu um discurso enaltecendo o heroísmo, dever, honra e a liberdade, prestando homenagem aos jovens americanos que sacrificaram suas vidas; ele também não deixou de destacar os soldados de outras nações que lutaram nas praias da Normandia: canadenses, ingleses, franceses. Ele se comportou como um grande estadista.

Pouco antes dele discursar, o presidente francês Emmanuel Macron também homenageou esses corajosos soldados. Ele fez algumas observações que imediatamente foram vistas como uma maneira de dar um pito no presidente americano:

“Em nenhum momento a grandeza dos Estados Unidos América é maior do que quando luta pela liberdade dos outros. Nunca é maior do que quando é fiel aos valores universais defendidos pelos Pais Fundadores quando há dois séculos e meio a França apoiou a sua independência”.

Macron já havia sinalizado anteriormente que pretendia enfatizar os “valores franceses” e “a arte de ser francês”. Jean-Pierre Raffarin, ex-primeiro ministro francês, hoje um dos assessores de Emmanuel Macron, ressaltou que o presidente francês acredita que os Estados Unidos “abandonaram os princípios éticos fundamentais” e que “hoje a América não lutaria pela liberdade da Europa”.

No dia anterior, Macron participou de uma cerimônia para homenagear a resistência francesa. “Sem a resistência e sem os combatentes franceses”, destacou ele, “a França não teria recuperado a liberdade”. Em outra cerimônia em homenagem aos 177 soldados da França Livre que desembarcaram na Normandia no Dia D, ele salientou que os franceses estavam “por toda parte para libertar seu próprio país, em terra, mar e ar”.

O ardor do presidente Macron em prestar homenagem à resistência francesa e aos franceses que desembarcaram no Dia D é compreensível. Muitos cidadãos franceses lutaram bravamente. No entanto, seu intuito em retratar os franceses como se tivessem desempenhado um papel crucial na libertação do país e como se tivessem libertado a França, já é mais difícil de engolir. Essas narrativas só apequenam o papel de todos que não eram franceses, lutaram e morreram para libertar o país.

Suas palavras e sua postura aparentam ter raízes nas do general Charles de Gaulle ao final da Segunda Guerra Mundial. O general foi filmado na Normandia poucos dias depois de 6 de junho de 1944, a poucos quilômetros das praias onde milhares de jovens americanos foram mortos e ainda não tinham sido enterrados. “A França”, destacou ele, “começa a se libertar e logo será livre, graças aos franceses”. Ao longo da sua carreira política do pós-guerra, de Gaulle ressaltou que a França foi libertada pelos franceses. Ao falar sobre o regime de Vichy, ele dizia que era formado por “meia dúzia de traidores que deixaram de ser franceses”.

De Gaulle se recusava em falar sobre o sem número de franceses que colaboraram com as autoridades de ocupação da Alemanha. Ele também se recusou em comemorar o Dia D. Ele chegou a ponto de afirmar que os desembarques na Normandia “não foram o início da libertação da França” e sim “o ponto de partida de uma articulação americana para colonizar a França”. Ele então frisou que “a ocupação americana da França” havia terminado durante sua presidência, quando ele decidiu “sair da OTAN e pedir aos Estados Unidos que fechassem as bases militares americanas em território francês”. Ele jamais falou sobre o papel crucial do Plano Marshall na reconstrução da França ou que a OTAN foi criada para proteger a Europa Ocidental da União Soviética.

As palavras de De Gaulle ressoaram profundamente. Até o início dos anos 1970, vinte e cinco anos depois da guerra, nenhum livro ou filme na França tratava da “colaboração”. Os livros didáticos de história usados nas escolas francesas omitiam os estreitos laços de muitos franceses com as autoridades de ocupação da Alemanha, fato este ocorrido poucos anos antes. Em vez disso, os alunos aprenderam que a França foi ocupada e que a Resistência havia libertado o país com a ajuda dos “Aliados”. Pouquíssima atenção foi dispensada ao papel dos americanos. O vasto apoio da população francesa ao marechal Philippe Pétain, o antissemitismo do regime de Vichy na época da guerra e a contribuição ativa da polícia francesa e dos gendarmes na deportação de judeus para os campos de concentração nunca foram mencionados. Livros como Harvest of Hatede Leon Leo Poliakov (1951) destacaram os crimes do Terceiro Reich, mas não os crimes da polícia francesa e dos gendarmes. Um pequeno número de cópias foi vendido.

Entretanto, o livro Vichy France de Robert Paxton, traduzido para o francês em 1973, gerou um escândalo. Paxton usou inúmeros documentos que ninguém havia visto antes para descrever a extensão da “colaboração” ocorrida na França e a devotada contribuição do regime de Vichy para deportar judeus. Muitos cronistas franceses ressaltaram que o livro não só estava repleto de mentiras, como também era um insulto à honra da França.

Até 1984, nenhum presidente francês participou de qualquer cerimônia do Dia D e os eventos eram discretos, na melhor das hipóteses.

As homenagens às vítimas da “captura e confinamento em massa de Vel d’Hiv” ocorrido em 1942 (um ataque supervisionado pelos nazistas que resultou no aprisionamento em massa de judeus em Paris pela polícia francesa) se tornou oficial somente em 1992. Antes disso, apenas organizações judaicas participavam do evento, os jornais nunca publicaram nada sobre isso. Em 1995, o presidente Jacques Chirac reconheceu que a França era culpada do confinamento de Vel d’Hiv e da deportação de dezenas de milhares de judeus para os campos de concentração, apesar disso, até os dias de hoje, muitos políticos franceses insistem em dizer que Chirac estava errado e que a França não tem culpa de nada.

De 1945 para cá, nenhum líder político francês jamais cochichou uma palavra de gratidão aos Estados Unidos por sua contribuição à libertação da França sem salientar os valores morais da França e o papel inestimável da Resistência Francesa. Sempre que possível, eles (líderes políticos) não medem esforços para mostrar que poderiam triunfar sobre os Estados Unidos, se assim o desejassem.

O discurso proferido pelo ministro das relações exteriores da França, Dominique de Villepin na ONU em 14 de fevereiro de 2003, criticando a decisão do governo do presidente dos EUA, George W. Bush de invadir o Iraque, sustentava que “a França se levanta, fiel aos seus valores”. Os elogios ao discurso de Villepin foram unânimes em seu país. O que Villepin não disse foi que a França tinha acabado de fechar contratos secretos envolvendo transações com empresas petrolíferas de Saddam Hussein, então presidente do Iraque e não estava disposta a perder dinheiro. Quando o Presidente Nicolas Sarkozy expôs sua política externa em um discurso em 27 de agosto de 2007, ele ressaltou que a França era aliada dos Estados Unidos, mas “não alinhada”. O presidente François Hollande repetiu a mesma formulação em 2.012 “somos aliados, não alinhados”.

Macron foi um passo além. Em 8 de novembro de 2018, ele adiantou que a França e a Alemanha deveriam criar um exército europeu para “se protegerem da Rússia, China e até mesmo dos Estados Unidos”. Três dias depois, em uma cerimônia em 11 de novembro, dirigindo seu olhar ao presidente Trump, que momentos antes havia enaltecido o “nacionalismo americano”, Macron assinalou que “o patriotismo é bem o contrário de nacionalismo. O nacionalismo é a traição do patriotismo”.

Anteriormente, em 25 de abril de 2018, Macron proferiu um discurso diante do Congresso americano concernente ao programa nuclear iraniano, no qual ele exortou os Estados Unidos a “respeitarem o que assinaram”. “A França não irá deixar o acordo nuclear iraniano”, salientou ele, “porque nós o assinamos e nós respeitamos nossos compromissos”.

Acordante com a aparente inexistência de sentimento de culpa no que diz respeito ao seu papel no genocídio dos judeus da Europa, os líderes franceses vem sendo, há muito tempo, indiferentes ao antissemitismo. Eles começaram a falar sobre o tema somente na década de 1980, com o intuito de demonizar a “extrema-direita”. E é isso que eles continuam fazendo.

A política externa da França se tornou anti-israelense na década de 1960, quando ao final da guerra argelina, os políticos franceses acreditavam que seria mais lucrativo promover laços mais estreitos com o mundo árabe. A França continua sendo anti-israelense. Em 27 de novembro de 1967, o general de Gaulle fez pronunciamentos recheados de antissemitismo em ataques verbais contra Israel. Ele retratou os judeus como “dominadores e arrogantes”, falou de sua suposta “ambição ardente e conquistadora” e descreveu Israel como um “estado guerreiro com viés expansionista”. Em junho de 1967, três dias antes da Guerra dos Seis Dias, quando as ameaças do mundo árabe contra Israel mostraram ser impossíveis de ignorar e a guerra parecia se avizinhar no horizonte, de Gaulle resolveu impor um embargo de armas a Israel.

Durante a Guerra do Yom Kippur em 1973, o ministro das relações exteriores da França, Michel Jobert, se recusou a condenar a agressão do Egito e da Síria contra Israel: “tentar colocar os pés em casa”, distorceu ele, “não configura necessariamente agressão”.

A França também manifestou apoio à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) quando ela era clamorosamente um movimento terrorista, abertamente dedicado à destruição de Israel e ao assassinato de judeus. A França votou a favor de uma resolução que defendia a OLP nas Nações Unidas e já em 27 de janeiro de 1976, postulava a “criação de um estado palestino”. O presidente Jacques Chirac descaradamente favoreceu a OLP e, conforme suas palavras, a “necessidade da criação de um estado palestino”. Em novembro de 2004, ele recebeu de braços abertos o arquiterrorista palestino, presidente Yasser Arafat, pouco antes da morte do líder palestino e ofereceu um cortejo fúnebre digno de um destacado parlamentar defensor da democracia.

Em 21 de setembro de 2011, o presidente Nicolas Sarkozy também comunicou à ONU que a França defendia a criação de um Estado palestino o mais rápido possível “nas linhas de 1967”, salientando que a “Palestina” tinha que usufruir de uma cadeira de “status de observador” nas Nações Unidas “nos moldes da do Vaticano”. Seis semanas depois, em 31 de outubro a França votou a favor da entrada do “Estado da Palestina” na UNESCO.

Macron continua trilhando a mesma política de seus antecessores. Ele nunca perde a oportunidade de convidar o atual líder palestino Mahmoud Abbas ao Palácio do Eliseu e jamais esquece de beijá-lo. Macron também postula a criação de “um estado palestino tendo Jerusalém como capital”. Ele condena todas as medidas tomadas a favor de Israel pela Administração Trump e ressalta que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel foi um “grave erro”. Em 15 de maio de 2018, quando o Hamas enviou terroristas infiltrados entre civis para romperem a cerca que separa a fronteira de Israel de Gaza e os soldados israelenses tiveram que atirar em elementos armados para impedir que eles invadissem o país, Macron condenou “a violência das forças armadas israelenses contra os manifestantes “. Somente meses depois, quando foguetes foram lançados contra Israel a partir de Gaza, é que ele condenou os atos terroristas do Hamas.

Em 8 de maio de 2018, o presidente Donald Trump, ao expor que o Irã era agora “o principal patrocinador do terrorismo” e que “apoiava terroristas proxies como o Hisbolá e o Hamas” e que continuava procurando dominar a capacidade de produzir armas nucleares, decidiu retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã. Ele anunciou que haveria sanções americanas para estimular o Irã a mudar seu comportamento e sentar à mesa para novas rodadas de negociações. A partir daí, a França e a Alemanha não mediram esforços para contornar as sanções americanas e continuar fazendo negócios com o Irã. Em 17 de junho de 2019, quando o regime do Irã ameaçou usar mísseis de precisão para atingir “todos os inimigos, pelo menos os da região ou os que têm forças na região” e, depois que dois petroleiros foram atingidos e danificados no Golfo de Omã, é que Macron aconselhou o Irã a ter “paciência e agir com responsabilidade”.

Desde 1945 a atitude francesa em relação aos Estados Unidos foi e continua marcada pela arrogância e ingratidão. Em 2005 o jornalista americano Richard Chesnoff citou o professor francês Dominique Moïsi:

“Quando a França era uma grande potência, a América era uma potência incipiente, quando a América se tornou uma superpotência, a França virou uma potência de tamanho médio e agora que a América é a hiperpotência, a França não está nem perto de estar na mesma liga.”

Chesnoff salientou que isso levou a uma mistura de inveja e ressentimento ocultos.

Na época da Revolução Francesa, a França declarava ter uma mensagem universal. A França só percebeu bem mais tarde que os Estados Unidos haviam se tornado “o país que incorporava os valores da liberdade e dignidade humanas no planeta”, escreveu Jean-François Revel em 2002 em Antiamericanismo. Ele salientou que um político francês lhe disse: “os Estados Unidos roubaram de nós a universalidade”. Ele também enfatizou que a alegação francesa de ter uma mensagem universal era muitas vezes “refutada pela aterradora realidade do comportamento da França”.

O comportamento de hoje da França em relação aos Estados Unidos, a Israel e ao regime iraniano pode muito bem ilustrar a observação dele.

As observações de Macron na Normandia em 6 de junho pareciam desnecessariamente arrogantes, uma atitude em especial insuportável, pois no momento em que falava, a França ainda tentava contornar as sanções americanas impostas ao regime maligno do Irã. Ele também não está em posição de dar alfinetadas desse tipo. Por seis meses a fio, os protestos dos “coletes amarelos” vem abalando duramente a economia francesa. Os protestos revelaram a extensão do descontentamento dos franceses menos favorecidos. Macron reagiu com escárnio e truculência: ele chamou os manifestantes de “multidão odiosa” e pediu à polícia que restaurasse a ordem “sem dó nem piedade” (24 pessoas perderam um olho, cinco outras perderam uma mão). Macron pode até ter recebido o apoio das elites, mas o desespero dos manifestantes não desapareceu.

A imigração ilegal transformou inúmeras regiões do país em favelas. Centenas de zonas proibidas nos subúrbios foram retratadas pelo escritor argelino Boualem Sansal e pelo colunista Éric Zemmour como pequenas repúblicas islâmicas em formação. Os judeus na França agora têm que esconder em público sua identidade religiosa, onde quer que estejam.

Em 13 de novembro de 2018, o presidente Donald Trump, ao reagir aos comentários de Macron proferidos em novembro, realçou em um tuíte: “não há país mais nacionalista do que a França” e “foi a Alemanha” que invadiu a França. “na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais… Os franceses já estavam começando a aprender alemão quando nós chegamos.”

Em 6 de junho, Donald Trump usou uma linguagem mais diplomática. Ele disse que sua relação com a França e com Macron eram “excepcionais”. Mas agora ele já conhece Macron. Trump, sem a menor sombra de dúvida, lembra que durante a visita de Macron a Washington, 14 meses atrás, Macron parecera amistoso em relação a ele, mas no Congresso usou todo o seu discurso para denegrir as importantes iniciativas da Administração Trump.

Em 24 de abril de 2018, Macron, para dar provas de sua amizade, ofereceu uma muda de carvalho a Donald Trump; juntos eles a plantaram no Jardim da Casa Branca. A muda, quarentenada pelas autoridades do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, morreu quatro dias após as cerimônias do Dia D de 2019. Macron prometeu enviar outra muda de carvalho a Donald Trump, ela ainda não chegou. Carvalhos podem viver oitocentos anos. Parece que as palavras amigáveis de Macron tem uma expectativa de vida mais curta.