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Magia parisiense

A fascinação que as ruas, os mapas e os romances parisienses despertam nunca serão suficientemente explicados.

*Patrick Modiano e Julio Ramón Ribeyro

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Desdobrei o mapa Taride de Paris, tão gasto que o tenho sempre à mão no meu escritório. Ao procurar coisas nele, muitas vezes ele quebrou nas bordas, e eu sempre colei, cuidando do rasgo, como se fosse um curativo de um ferido.

 

Patrick Modiano

 

***

Sempre gostei muito da literatura francesa. Acho que é a literatura que conheço melhor, melhor até do que a peruana. Desde a adolescência, mesmo antes, li muitos livros de autores franceses. Portanto ele estava bastante familiarizado com a literatura, com a cultura e com a cidade. Através dos romances de Balzac, dos romances de Alexandre Dumas, dos romances de Proust, etc. Já tive uma visão de Paris, imaginei uma Paris imaginária que formei a partir daquelas leituras. Além disso, meu pai era uma pessoa muito apaixonada pela literatura francesa e pela cultura francesa, e um dos seus sonhos sempre foi vir a Paris, conhecer Paris – mas nunca conseguiu realizá-lo. Ele conhecia Paris quase de cor porque tinha em casa um grande mapa de Paris, lembro-me, e conhecia todas as ruas, as pracinhas, os monumentos, as igrejas. E quando lia um livro, principalmente um romance, identificava as ruas e praças por onde os personagens passavam. Então vir para Paris também foi uma forma de realizar um desejo que meu pai não conseguiu realizar. Viajei um pouco em nome dele, em nome dele. Ele já havia morrido.

 

Julio Ramón Ribeyro