*Franklin Jorge
Que bem se respira em Martins, serra povoada e rica, segundo a tradição uma terra que oculta os fugitivos, abriga os perseguidos, cura os doentes.
De fato, a pureza de seu ar é famosa desde a mais remota antiguidade e, por muito tempo, Martins tem sido considerada uma estação ideal para as pessoas que sofrem dos pulmões.
O poeta Henrique Castriciano, tuberculoso, viveu uma temporada em Martins, como parte do seu tratamento. E, inspirado pela graça terral, gravou uns versos na famosa Casa de Pedra, ainda existente. Consta que o ex-governador Tarcísio Maia, quando moço, teria se curado de uma tuberculose, graças ao ar benigno de Martins.
Cidade sem poluição, lembra-nos, pela exuberância de seus hortos primitivos, um jardim paradisíaco, por sua altitude, muito próximo do céu. O núcleo urbano, limpo e bem cuidado, brinda-nos com velhos casarões dum colonial despojado que lhe dá uns ares de burgo medieval em plena serra.
Bom é curtir Martins no inverno, quando tudo aparece encoberto por um sudário de névoa espessa e gélida. Flanar por Martins, cidade inspirada pelo sentido da amplidão e da clareza, revigora a alma e desentorpece o corpo, como uma espécie de afago em meio ao tumulto e ao estresse da vida cotidiana.
Martins, feita de luz e de seiva, terá alegrado ao próprio Criador, como diziam os antigos martinenses, orgulhosos de sua terra.