Leila Míccolis*
Já li muitos livros sobre a obra de Proust, mas para mim este é o melhor. Não só por abranger diversas dimensões da rica literatura dele, como também por entrar na área da Literatura Comparada, de forma segura, compacta, sem que a leitura se torne monocórdica e monótona, sem cansar o leitor, que, ao contrário, é instigado a passar para as páginas seguintes até o final.
O autor está no auge de sua criatividade e expertise teórica. As análises críticas fluem com beleza e harmonia, o texto todo é surpreendentemente leve, sem perder a densidade proveniente da erudição de autor.
Um livro simultaneamente de crítica, de análise literária, de ensaio e de prosa poética, que transita por estas estéticas sem em nenhum momento perder nem o foco nem a unidade da proposta temática. E assim tal como Jung que ao abordar Ulisses de Joyce o faz com tamanha habilidade que somos levados a crer até que já o lemos, aqui Franklin Jorge também consegue fazer com que, ao chegarmos ao término, pensemos já estar familiarizados com a obra proustiana há longo tempo, como se o escritor francês fosse nosso amigo íntimo e querido desde sempre – mesmo quem jamais o leu na vida sente esta sensação e passa a ter imediata vontade de “relê-lo”…
O próprio Proust nos explica este fenômeno complexo com a simplicidade peculiar aos gênios: “Cada leitor, quando lê, é um leitor de si mesmo”. Porém, esta é uma façanha conseguida apenas pelos pensadores conscientes, que unem seus incomparáveis estilos aos seus profundos conhecimentos, no intuito de partilhar conosco os segredos do mundo.
*Advogada, Doutora e com Pós-doutorado em Teoria Literária (UFRJ), escritora de livros, TV, teatro e cinema
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